Em entrevista à revista brasileira Veja, o primeiro-ministro português reconhece que «os desequilíbrios existentes em Portugal são resultado de más decisões tomadas por nós mesmos». Segundo Passos, dizer que França e Alemanha são responsáveis ou beneficiários da situação lusa é um exagero e deixa ainda claro que quando a crise for ultrapassada, os benefícios sociais não voltarão aos níveis anteriores.
«Usámos mal o dinheiro, seleccionámos mal os projectos de obras públicas, aumentámos os impostos para gastar em serviços de pouco valor, não flexibilizámos suficientemente o mercado de trabalho, não abrimos a economia…». Passos elenca aquelas que são, a seu ver, as causas da actual crise portuguesa, refutando «um cliché muito difundido na imprensa» que atribui responsabilidades a Merkel e Sarkozy.
Entrevistado pela Veja, Passos distancia Portugal da situação grega e valoriza o corte no défice estrutural e o da balança comercial, apontando 2013 como a meta para equilibrar as contas externas. Sobre a eventual necessidade de novo resgate, o chefe de Governo diz que não espera que isso aconteça, mas acrescenta a disponibilidade das instâncias comunitárias e do FMI, caso Portugal cumpra e a receita não resulte.
«As medidas de austeridade que estamos a adoptar não são a origem do problema. São a parte da solução», diz ainda Passos Coelho, que falou sobre as privatizações em vários sectores, com o objectivo de «tirar o Estado da economia» com vista a internacionalizá-la e aumentar a competitividade.
Passos fala ainda sobre a polémica que estalou no Brasil a respeito da importação de produtos vitivinícolas, com o Governo de Brasília a pretender aumentar as taxas sobre vinhos estrangeiros. Os empresários portugueses serão afectados e Passos sai em defesa da «competição internacional». «O Proteccionismo, por mais que pareça dar oportunidades imediatas aos grupos nacionais, é pouco eficiente a médio e longo prazo», argumenta.
Fonte: SOL