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    Nyusi admite que a solução “para o problema de Cabo Delgado não é apenas militar”

    O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, admite que a solução para a violência armada em Cabo Delgado não é apenas militar, aparentemente, dando razão à sociedade civil e académicos que defendem o impulsionamento do desenvolvimento da região, através de empregos e de políticas públicas mais redistribuitivas.

    “Reconhecemos a necessidade de impulsionar o desenvolvimento sócio-económico e promover maior harmonia social, porque a solução para o problema de Cabo Delgado não é apenas militar”, afirmou o estadista moçambicano.

    O sociólogo Moisés Mabunda diz que há bastante tempo que a sociedade civil vem criticando o fato de o Governo apostar apenas na via militar para resolver o problema, cujas causas ” têm a ver, entre outros factores, com a forma como é feita a redistribuição da riqueza, não só em Cabo Delgado, mas também no resto do país”.

    Ele afirmou que os chineses têm um projecto de exploração de areias pesadas no distrito de Chibuto, sul de Moçambique e construíram lá um supermercado, hotel e posto de abastecimento de combustíveis, “mas era suposto que essas infraestruturas pertencessem ao empresariado local”.

    “Aí estaríamos a falar da redistribuição da riqueza, mas o investidor veio com tudo para sacar a riqueza daquela terra e não há nada em troca, para o benefício da comunidade local”, lamentou Moisés Mabunda.

    Pobreza e desigualdades

    Por seu turno, o director do Centro de Integridade Pública (CIP), Edson Cortez, diz que o problema de Cabo Delgado não é meramente militar. “É um conjunto de factores associados que resvalou para a situação de conflito, que a província está a passar neste momento”.

    Contudo, ele considera um passo positivo o fato de o Presidente da República “perceber que desigualdades sociais graves e a pobreza podem também ser uma ignição para grupos com interesses obscuros manipularem sobretudo a juventude local”.

    Para o director da organização Observatório do Meio Rural, João Mosca, “a via militar não é a melhor solução para o conflito em Cabo Delgado; é preciso atacar também a questão da pobreza e outros problemas que afectam a região”.

    Mosca defende ser necessário entender o fenómeno no seu conjunto, porque se trata de uma zona com elevados índices de pobreza, com gravíssimas desigualdades sociais e também com diferentes tipos de tráficos.

    Localizada no norte de Moçambique, a província de Cabo Delgado vem sendo afectada, desde 2017, por ataques armados protagonizados por insurgentes. Mais de 1500 pessoas foram mortas e milhares fugiram para a capital, Pemba, e outras províncias.

    As autoridades governamentais têm alertado para casos de recrutamento de jovens moçambicanos na zona norte do país, uma tendência, segundo alguns analistas, justificada pela falta de oportunidades na juventude local.

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    FonteVoA

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