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    60 anos após a independência, que liberdade existe no Chade?

    O Chade tornou-se independente da França a 11 de Agosto de 1960. Mas 60 anos depois, muitos chadianos dizem estar a sufocar sob o domínio do Presidente Idris Deby, no poder há 30 anos, enquanto Paris olha para o lado.

    O Chade conquistou a independência a 11 de Agosto de 1960, dois anos depois de se ter tornado uma República. Na altura, o primeiro-ministro chadiano, François Tombalbaye, foi nomeado primeiro Presidente de um país que cedo entrou numa guerra civil – com os muçulmanos a norte e a maioria cristã a sul.

    Tombalbaye governou com punho de ferro até ao seu assassinato, em 1975, por membros do Exército do Chade. Desde então, o país do Sahel vive em situação de conflito.

    Nunca houve uma transição suave de poder. “Hoje, o Chade encontra-se num estado de desespero”, diz o jornalista chadiano Eric Topona, que lamenta que a insegurança e a impunidade tenham aumentado no país.

    Chadianos vivem na pobreza, apesar dos recursos
    O Chade tem uma das maiores reservas de petróleo em África. No entanto, está classificado em último lugar entre 157 países no Índice de Desenvolvimento Humano do Banco Mundial.

    Cerca de 40% da população vive abaixo da linha da pobreza e mais de quatro milhões de chadianos não têm uma refeição decente por dia.

    A desnutrição, a morte neonatal e a fome prosperam numa nação dotada de recursos naturais, sublinha Ndolembai Sadé Njesada, político da oposição e vice-presidente do partido “Les Transformateurs” (os transformadores).

    “Ser independente dá a uma nação a capacidade de governar livremente e de orientar-se para a prosperidade, saúde e riqueza. O Chade tem o potencial para tornar-se uma nação próspera e desenvolvida. O futuro do Chade está nas mãos dos chadianos”, afirma.

    Presidente com punho de ferro
    Os críticos do actual Presidente do Chade descrevem-no como um autocrata. Apesar da disputa de poder entre vários grupos étnicos, Idriss Deby está no poder há 30 anos. Segundo analistas, isto deve-se sobretudo à sua astúcia como estrategista militar.

    Activistas denunciam que o Presidente chadiano usa as receitas do petróleo para construir redes de patrocínio e reprimir os dissidentes. Abdelkérim Yacoub Koundougoumi, um activista político chadiano que vive no exílio na França, é um deles. “Ele faz tudo para eliminar todos aqueles que se opõem ao seu regime. E desmantelou os grupos da sociedade civil”, conta Koundougoumi à DW.

    O Presidente chadiano ganhou a confiança da Europa com a sua tentativa de liderar a luta contra o terrorismo na região do Sahel. No Chade, Deby Itno beneficia das lutas entre os grupos étnicos. Analistas explicam que o regime precisa de instabilidade interna para justificar a sua permanência no poder.

    Desde a independência, a França já interveio militarmente em África mais de 50 vezes, sobretudo no Chade. A maioria dos chadianos acredita que é possível estabilizar o país sem a ajuda da França. Mas também sabem que é quase impossível livrarem-se do antigo colonizador, especialmente com o actual regime no poder.

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