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    Solicitada prisão de ex-presidente peruano arrolado em esquema de corrupção

    A procuradoria especial responsável pela Lava Jato, que investiga os esquemas de suborno envolvendo a empreiteira Odebrecht no Peru, pediu nesta segunda-feira (15) a prisão preventiva do ex-presidente peruano Pedro Pablo Kuczynski, na audiência de apelação da detenção do ex-banqueiro de Wall Street, num caso que atinge quatro ex-chefes de governo do país.

    A audiência, transmitida pela televisão, ocorreu na presença de Kuczynski, representantes da procuradoria e advogados, perante o juiz Juan Guillermo Piscoya, da primeira sala de apelações da Corte Superior de Justiça.

    A audiência começou com o anúncio da procuradoria de que solicitará formalmente nesta terça-feira, numa nova audiência, a prisão preventiva de Kuczynski, que pode ser de até 36 meses.

    “Espero que me deixem em liberdade se houver citação amanhã, eu espero voltar para minha casa como fiz tantas vezes”, disse o ex-presidente durante sua alegação para revogar a detenção, que completa cinco dias nesta segunda-feira.

    “Destruíram minha reputação, de um homem que trabalha há 60 anos”, acrescentou Kuczynski, que descartou fugir do país. “Estou neste momento sem fundos porque minhas contas estão bloqueadas há muitos meses”, lamentou Kuczynski.

    “É uma cilada (emboscada) e uma arbitrariedade”, afirmou o advogado César Nakazaki, defensor do ex-presidente.

    A solicitação de prisão preventiva inclui a ex-secretária Gloria Kisic e o ex-motorista José Luis Bernaola, ambos detidos com Kuczynski por 10 dias. A procuradoria suspeita que os dois foram usados como laranjas pelo político, que esteve na presidência de 2016 a 2018. Os três são acusados de lavagem de dinheiro.

    Kuczynski foi detido na quarta-feira passada, após um tribunal especializado em crime organizado e corrupção de funcionários públicos aceitar um pedido de detenção de 10 dias por risco de fuga e obstrução da justiça.

    – Kuczynski e Odebrecht –

    Kuczynski, ex-banqueiro de sucesso em Wall Street, é investigado por receber propina da Odebrecht por assessorias realizadas por duas empresas ligadas a ele: First Capital e Westfield Capital.

    Odebrecht revelou no final de 2017 que havia destinado cerca de cinco milhões de dólares em pagamentos por assessorias à First Capital e a Westfield Capital quando o ex-presidente era ministro de economia de Toledo. O acusado nega até o momento todo vínculo com a empresa brasileira.

    A acusação assegura que Kuczynski favoreceu a Odebrecht na licitação para a construção da rodovia interoceânica Peru-Brasil e no projeto de irrigação hidroenergética Olmos, no norte de Peru.

    Além disso, Jorge Barata, ex-diretor da Odebrecht no Peru, disse à justiça no Brasil que a empresa deu 300 mil dólares para a campanha presidencial de Kuczynski de 2016, um valor que não figura nos registos da campanha.

    Esta revelação provocou um processo de impeachment no Congresso, que culminou com a renúncia de Kuczynski em 21 de março de 2018.

    – Quatro ex-presidentes na mira –

    Além de Kuczynski, outros três ex-presidentes do Peru são investigados e podem ser presos por conta do caso o Odebrecht no país. Eles são: Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (1985-1990 e 2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).

    García, Humala e Kuczynski estão proibidos de deixar o país, enquanto Toledo fugiu para os Estados Unidos, onde enfrenta um pedido de extradição.

    A Odebrecht admitiu na justiça americana que pagou 29 milhões de dólares em subornos durante três governos peruanos, incluído o segundo de García.

    Em dezembro passado, a empreiteira fechou um acordo de cooperação pelo qual aceitou pagar uma multa ao Estado peruano e a entregar provas que podem comprometer ainda mais os quatro ex-presidentes e outros políticos e funcionários peruanos.

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