O antigo primeiro-ministro francês, Edouard Balladur, comentou numa entrevista exclusiva à rfi e à France 24 o papel de Paris no decurso do genocídio ruandês. Balladur descarta qualquer arrependimento da França no caso e alega, mesmo, que só a França se mexeu aquando do ocorrido.
Eduoard Balladur afirmou discordar das conclusões do relatório Duclert apresentado a 26 de Março passado pelo historiador Vincent Duclert.
O documento apontava para “responsabilidades pesadas e irrefutáveis” de Paris aquando do genocídio dos Tutsis no Ruanda em 1994.
Balladur era o primeiro-ministro da altura, de direita, tendo trabalhado com François Mitterrand, chefe de Estado socialista, neste caso.
Este, entretanto já falecido, teria dito a Balladur que o primeiro-ministro teria tido razão em limitar a intervenção francesa.
Edouard Balladur era da opinião que só uma intervenção humanitária, limitada no tempo e no espaço, seria equacionável.
Balladur distanciou-se também da posição do seu ex chefe da diplomacia, Alain Juppé, que num artigo no diário Le Monde de 7 de Abril falou em “feridas” e em “lamentos”.
Para aquele que foi primeiro-ministro francês de Abril de 1993 a Maio de 1995 “cada um reage com o seu feitio”.
“Se há algo que me deixaria escandalizado seria o facto de se censurar ao único país do mundo que fez algo pelo Ruanda de não ter feito o suficiente.
Não tenho a pretensão que tenhamos feito o suficiente, nunca se faz o suficiente quando se trata de socorrer pessoas ameaçadas de morte.
Mas, ao fim e ao cabo, fomos os únicos a ter feito alguma coisa, é algo que honra a França e, sobre o caso, não se espere da minha parte a menor declaração de arrependimento.”