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    Relançamento do sector mineiro é uma realidade

    O sector de minas, aos poucos e poucos, percorre o caminho do relançamento, objectivo perseguido por Executivo e operadores, como prova a actividade intensa de algumas empresas de exploração de vários minérios e das que projectam imitá-las.
    A prospecção, principalmente de ouro e ferro, ganha dimensão numa altura em que o Ministério de tutela e parceiros ultimam a concretização do programa de desenvolvimento regional baseado na exploração mineira.
    Ainda faltam dar alguns passos e encaixar peças, mas o mote está dado e mobilizados os governos provinciais e empresas, o que permite perceber que o relançamento do sector mineiro está mais próximo da consolidação e de ocupar espaço próprio na economia nacional.
    “Quando estes projectos estiverem a andar à velocidade de cruzeiro vão beneficiar as populações locais e gerarem receitas para o Estado. A nossa curiosidade era ver em que medida a actividade mineira pode servir para alavancar o projecto de desenvolvimento regional e fazê-lo numa perspectiva de economia em cadeia”, disse o ministro da Geologia e Minas após visitar, na Huíla, duas empresas do sector.
    A visita que Francisco Queiroz fez recentemente à Huíla e ao Namibe não se confinou às capitais de província. No primeiro caso estendeu-se às minas de ferro de Cassinga e de Chamutete e às de ouro do Mpopo e no segundo, às empresas de exploração de mármore e a uma britadeira, todas em Caraculo.

    Ouro do Mpopo

    “Tem sido possível dar passos importantes. Aguardamos por alguns resultados, que vão determinar o início da actividade de exploração na mina de ouro do Mpopo, pois temos enorme potencial geológico-mineiro. Traçámos um conjunto de acções que podem fazer o negócio prosperar”, disse, ao Jornal de Angola, Janira dos Santos, engenheira de minas a trabalhar no Mpopo. Na fase inicial de estudos, pesquisa e prospecção da mina de ouro a céu aberto do Mpopo, onde trabalham 106 operários, há ainda muito trabalho pela frente, mas pelo que foi feito advinham-se boas perspectivas.
    A existência de ouro em Mpopo é um facto e a exploração deve começar em 2015. As amostras estão a ser analisadas em laboratórios sul-africanos.
    Janira Santos referiu haver “ amostras das zonas mineralizadas” e que se está na fase dos cálculos das reservas e à espera de conhecer os resultados laboratoriais dos últimos 41 poços perfurados.
    “Estamos na zona mineral 40 A e apenas depois de conhecermos os resultados das amostras de 18 poços podemos decidir se começamos a exploração”, declarou.
    Os resultados vão revelar “se reservas, de quase 90 quilómetros quadrados, existem de facto e somente “depois disso decidimos se perfuramos mais poços ou passamos à fase da exploração”.
    Os indícios, disse, são bons, mas a fase de exploração apenas deve começar em 2015.
    Palavras de encorajamento à direcção da empresa Somepa, que explora a mina, não faltaram, tal como não tardaram recados: “Estamos no bom caminho, o potencial de ouro desta mina permite-nos ser optimistas”, salientou Francisco Queiroz, após visitar o centro de enriquecimento e tratamento do ouro onde viu centenas de pequenas pepitas do metal.
    A cerca de 500 metros do Centro de Enriquecimento e Tratamento de Ouro estão as trincheiras, um método de prospecção em que as enormes crateras são feitas para encontrar o ouro.

    Jamba mineira

    A Jamba tem grande potencial mineiro e as amostras confirmam a existência de enormes depósitos de ferro em Cassinga Norte, Cassinga Sul e Chamutete.
    Por isso estão a ser formados técnicos para poderem trabalhar nos vários projectos, em que a Angola Exploration Mining Resources (AEMR), instalada na localidade, está apostada. Na Jamba, que ganha aos poucos características de vila mineira, como afirmou Francisco Queiroz, está a ser construído um centro de formação.
    O objectivo da AEMR, disse Hermes Ferreira, chefe de operações da empresa, “é a explorar ferro primário e material secundário, analisar minério e calcular o tempo de prospecção”. O material primário, sublinhou, é o que tem uma percentagem considerável de ferro, geralmente maciço.
    As minas de Cassinga Sul, Cateruca e Cassala Kitungo estão repletas de material primário.

    Minas de Cassinga

    Em Cassinga Norte e Cassinga Sul há depósitos com material primário e secundário para ser explorado. Em Chamutete está previsto explorar 7,6 toneladas de material primário, com uma percentagem de ferro igual ou superior a 72,6.
    “Precisamos de conhecer estes dados e se forem confirmados temos sete anos de exploração”, disse Hermes Ferreira. O reinício da exploração do ferro nas minas de Cassinga, afirmou ministro da Geologia e Minas, vai ser “a alavanca do projecto de desenvolvimento regional e permitir a rentabilização dos investimentos feitos na reconstrução do Caminho-de-Ferro de Moçâmedes. A partir da linha de Tchamutete, o ramal do Caminho-de-Ferro de Moçâmedes prolonga-se até o Cunene e junta-se à linha-férrea da Namíbia, o que permite ligar o porto de Walvis Bay ao do Namibe.
    Com a exploração de ferro e do manganês nas minas de Cassinga podem ser criados mais de cinco mil postos de trabalho.

    Mais receitas fiscais

    Face ao baixo preço das matérias-primas no mercado internacional, criar siderurgias pode ser a solução para valorizar os produtos nacionais à medida que se vá consolidando o projecto de desenvolvimento regional com base na exploração mineira.
    O ferro que ia ser exportado em estado natural para o estrangeiro com a criação de siderurgias passa a ser transformado em aço.
    A actividade mineira, lembrou Francisco Queiroz, traz benefícios graças à transformação local e exportação, que permite aumentar as receitas fiscais, criar empregos e reduzir as importações.
    O Centro de Enriquecimento e Tratamento de Ferro na Jamba é um gigante adormecido constituído de grandes roldanas, trituradoras, carris e longos tapetes rolantes, que já tratou de milhões de toneladas de ferro. Mas o peso do tempo levou a deterioração dos equipamentos e das paredes. Apenas as ferragens se mantém num local em que até o chão parece ferrugem.
    O cenário repete-se na provincia do Namibe, onde está o grande Porto, que em tempos foi a “joia da coroa” de quem investiu no ferro.
    Hoje, apenas restam as estruturas que ano a ano são consumidas pela ferrugem.

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