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    Perímetro do Mucoso: um projecto parado no tempo

    Doze milhões de dólares foi quanto o Estado gastou na reabilitação do Perímetro Irrigado do Mucoso, reinaugurado em 2014, cujas infra-estruturas acabaram por ser vandalizadas, por causa da sua inoperância.

    O perímetro, após a reinauguração, não funcionou e os equipamentos acabaram por ser vandalizados, acarretando perdas para a economia local.

    Hoje, segundo constatação da ANGOP, vive-se, no local, um cenário desolador, com as máquinas sabotadas e o terreno, novamente, ocupado pelo capim, principalmente a tubagem e os acessórios de mecânica, que vão, certamente, exigir um novo investimento.

    Por isso, lamenta-se o estado em que se encontra aquele que seria, certamente, o orgulho de quem um dia alimentou a esperança de ver o projecto florir, dada a fertilidade dos solos, que oferecem condições naturais para a produção de um conjunto de bens alimentares em grandes quantidades, como milho, banana e batata-doce.

    O perímetro, localizado na aldeia com o mesmo nome, a aproximadamente cinco quilómetros da cidade do Dondo, é um potencial na produção de citrinos, banana e hortícolas, que já abasteceu o mercado interno e exportou parte da sua produção.

    Tem aproximadamente mil hectares, mas o Estado apenas reestruturou 500, para o cultivo, pois a região de Cambambe é das melhores zonas para agricultura, suportada pela boa bacia hidrográfica que possui, tornando-a numa região boa para agricultura por estar junto aos rios.

    A sua inoperância, desde a década de 90, obrigou o governo a investir na sua reabilitação entre 2010 e 2013, empreitada levada a cabo pela empresa espanhola “Incatema Consulting International”, tendo sido possível a mecanização do espaço, a recuperação das infra-estruturas administrativas, habitacionais e armazéns.

    Foi ainda possível, a construção de um novo sistema de captação, com capacidade de bombear 1.800 metros cúbicos de água por hora.

    O projecto contemplou, igualmente, a reabilitação de 22 quilómetros de estrada, de acesso aos pontos de exploração agrícola e o fornecimento de maquinaria de lavoura.

    O espaço foi segmentado em 162 parcelas de três hectares cada, para a produção de frutas e de sementes melhoradas de hortícolas.

    Mas a alegria da população do Mucoso, que olhou para o projecto como uma saída para a produção de alimentos e criação de postos de trabalho, foi “sol de pouca dura”, dado ao subaproveitamento do perímetro, provocando desalento na comunidade.

    Director do Gabinete para o Desenvolvimento Económico Integrado, Fernando Mesquita.
    (DR)

    Falha na gestão do projecto

    Em entrevista à ANGOP, o director do Gabinete para o Desenvolvimento Económico Integrado, Fernando Mesquita, afirmou que a reabilitação do perímetro fez parte do projecto de desenvolvimento da província.

    “No projecto do Mucoso não tivemos sorte. Algo ali falhou, sobretudo no que concerne a organização das estruturas”, lamentou.

    Explicou que o mesmo estava sob gestão da Sociedade dos Perímetros Irrigados (Sopir), que “não teve estratégia para o ambicioso plano funcionar, resultando no triste cenário que assistimos hoje”.

    Aponta a falta de estratégia e acutilância como as principais razões pela derrapagem, porque o Mucoso era dos perímetros mais bem estruturados que o país já teve, desde o sistema de rega, que possuía tecnologia de última geração.

    O agricultor recebia a água já tratada do ponto de vista fitossanitário, pois vinha já com adubos e insecticidas, tudo computadorizado com horários definidos.

    Inclusive, referiu, possuía uma Central de Tratamento de Água para a população do Mucoso e zonas habitacionais do projecto, mais modernas que a do município de Cambambe.

    “Nós, na província, bem batalhamos para que nos entregassem e depois lançaríamos um concurso público para gestão privada, de modo a encontrarmos alguém com capacidade para gerir aqueles 500 hectares, mas não fomos felizes”, lamentou.

    Reconheceu que há uma deterioração notável, mais visível no parque de máquinas, completamente vandalizado, mas no que concerne ao sistema de rega ainda recuperável.

    Informou que a intenção agora é a privatização do Mucoso para cedência a um empresário com capacidade de gestão, que se julga, não terá problemas de custos para por a funcionar o perímetro.

    “Neste momento, já há guardas no local, para evitar a vandalização do que sobrou e acredita-se que vamos salvar o Mucoso”.

    Botânico do Quilombo no mesmo caminho

    A Estação Experimental Agrícola do Quilombo, localizado na cidade de Ndalatando, o mais importante santuário da biodiversidade desta região, tem sido também alvo de vandalização, colocando a sua fauna e flora em perigo, principalmente a sua mais ilustre moradora, a Rosa de Porcelana.

    Considerado o cartão postal da cidade de Ndalatando, para além de ser um importante centro de investigação agrícola, é um ponto turístico de referência e funciona como uma zona tampão, diminuindo o efeito das mudanças climáticas que têm impactado toda a região.

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