O rei da Bélgica apresentou pela primeira vez na história os “mais profundos arrependimentos pelas feridas” causadas durante o período colonial no Congo”. Gesto ocorre dias depois de declaração polémica de príncipe.
Por ocasião dos 60 anos da independência da República Democrática do Congo (RDC), o rei Filipe apresentou os “seus mais profundos arrependimentos pelas feridas” infligidas durante o período colonial belga no Congo.
Este pedido de desculpas público, inédito na história do país, deu-se através de uma carta enviada esta terça-feira (30.06) ao presidente da RDC, Félix Tshisekedi, onde o rei da Bélgica escreveu:
“Gostaria de expressar os mais profundos pesares por essas feridas do passado, cuja dor agora é reacendida pela discriminação ainda presente nas nossas sociedades”.
Controverso Leopoldo II
“Na época do Estado Independente do Congo [quando este território africano era propriedade do ex-rei Leopoldo II], foram cometidos actos de violência e crueldade que ainda pesam na nossa memória colectiva”, assegurou Filipe, que reina desde 2013.
“O período colonial que se seguiu [o do Congo Belga de 1908 a 1960] também causou sofrimento e humilhação”, acrescentou.
O rei Filipe afirmou o compromisso de “combater todas as formas de racismo”: “Encorajo a reflexão iniciada pelo nosso parlamento para que a nossa memória seja definitivamente pacificada”, continuou.
Por décadas, o monarca Leopoldo II é acusado por alguns activistas anticoloniais de matar milhões de congoleses.
Príncipe discorda?
Esta carta do rei Filipe sucede a uma declaração polémica proferida pelo seu irmão mais novo, o príncipe Laurent, que diz não acreditar que o rei Leopoldo II “tenha feito sofrer a população” da actual República Democrática Congo.