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    Regressados das matas aprendem a ter esperança

    Os dias de dificuldades por que ainda passam mais de três mil moradores do bairro 11 de Novembro, de Mavinga, abandonados nas matas pela UNITA, aproximam-se do fim com a entrega, pelo Executivo, de vários produtos essenciais.
    A oferta traduz-se em instrumentos agrícolas, cem toneladas de alimentos, 30 de sabão, 15 mil chapas de zinco, 50 balões de roupa usada, quatro mil cobertores e 95 kits de trabalho para agricultura, pesca, alvenaria e serralharia, com os beneficiários quais podem começar negócios.
    Dados estatísticos do governo provincial do Kuando-Kubango apontam para mais de cem mil pessoas dispersas nas matas de Mavinga e Rivungo, sobretudo ex-militares da UNITA e populares oriundos de várias províncias, raptadas e à levadas à força para longe das suas famílias.
    O Executivo começou, em 2010, a executar um plano de resgate dessas pessoas, prestando-lhes assistência e reintegrando-as na sociedade.
    Uma comitiva interministerial, chefiada pelo ministro da Assistência e Reinserção Social (MINARS), João Baptista Kussumua, que esteve no bairro 11 de Novembro, também entregou aos moradores dois tractores com alfaias, um moinho, 500 aparelhos de rádio, três televisores de 50 polegadas, dez arcas frigoríficas para a conservação de vacinas, uma ambulância, 164.849 unidades de material escolar, da iniciação à 8ª classe, 900 carteiras, 190 quadros, 50 armários e quatro secretárias.
    Domingos Miasso, coordenador do bairro, disse que há milhares de pessoas abandonadas em Luangundu, Capembe, Candumbe, Lomba e Kuando, áreas no interior de Mavinga, que eram controladas pela UNITA, onde foram abandonadas quando quartel-general daquele movimento se transferiu para o planalto central.
    Essas pessoas, que, na maioria foram separadas à força das famílias em vários pontos do país, lamentou, vivem em situação dramática, sem escolas, postos de saúde ou qualquer outra infra-estrutura do Estado. É urgente, referiu, que sejam retiradas daquelas zonas de difícil acesso, onde sobrevivem apenas da cultura de mandioca, do milho, da massambala, do massango, da batata-doce.

    Outro problema apresentado por Domingos Miasso é o dos enfermeiros e dos professores do bairro 11 de Novembro que não estão inseridos no sistema de gestão financeira do Estado para poderem receber os salários.
    Apesar das dificuldades, os moradores do 11 de Novembro alimentam sonhos e querem recuperar o tempo que alguém os fez perder. Por isso, pediram um Balcão Único do Empreendedor, que permita aos camponeses o acesso ao micro crédito, uma viatura que proporcione o escoamento dos produtos para a sede municipal, bem como gasóleo e lubrificantes que mantenham os tractores e o moinho em funcionamento
    João Baptista Kussumua prometeu-lhes o envio, já na próxima semana, de 150 próteses destinadas aos que, quando obedeciam às ordens da UNITA durante o conflito armado, perderam as pernas.
    “Quando, num passado recente, vocês escreveram ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a solicitar apoios para poderem recomeçar as vossas vidas aqui no bairro 11 de Novembro, depois de terem sido abandonados pela UNITA nas matas, o Executivo mobilizou recursos e enviou mercadorias e instrumentos de trabalho”, lembrou.
    O ministro pediu, sobretudo aos que foram militares e que conhecem bem as zonas nas matas onde centenas de pessoas continuam a viver em condições dramáticas, que lhes transmitam os objectivos do Executivo para também elas poderem usufruir das oportunidades e dos apoios que são canalizados para o bairro 11 de Novembro e para outros locais, onde vão ser feitos realojamentos.
    João Baptista Kussumua lamentou o facto de existirem ainda muitas pessoas mal-intencionadas, que diariamente aparecem no bairro 11 de Novembro, com o objectivo de denegrirem as acções que Executivo desenvolve em vários domínios para o bem-estar dos angolanos, quando os seus efeitos positivos estão a vista de todos.
    A estrada de Mavinga ao Rivungo e ao Cuito Cuanavale, garantiu, é reabilitada em breve e vocês vão poder circular livremente com mercadorias.
    O Executivo, recordou, continua a construir escolas, postos de saúde, hospitais e estradas para podermos crescer e viver em paz na nossa pátria.
    O ministro disse que para os que ainda estão nas matas possam beneficiar dos investimentos feitos pelo Executivo é necessário que as abandonem para serem realojados em locais acessíveis, que lhes permitam receber assistência.
    Acções idênticas às que decorrem nos municípios de Menongue e do Cuito Cuanavale, anunciou, vão ser desenvolvidas em Mavinga, Rivungo, Nankova, Calai, Cuchi, Dirico e Cuangar para toda a população do Kuando-Kubango usufruir dos benefícios da paz.

    Apelo ao voto

    João Baptista Kussumua apelou ao voto e ao civismo dos habitantes do município de Mavinga e, em particular, dos moradores do bairro 11 de Novembro nas eleições gerais de 31 de Agosto.
    “Em breve, começa a campanha eleitoral e muitos dirigentes de partidos políticos ou coligações de partidos políticos hão-de vir aqui prometer fundos e mundos, mas no momento em que vocês precisavam de ajuda nunca cá meterem os pés”, referiu e alertou: “Fiquem atentos, até porque melhor do que nós, vocês sabem quem são os verdadeiros culpados do estado em que se encontram”.
    É necessário reflectir bem, antes de exercer o direito de voto e escolher em que partido ou coligação de partidos político se quer votar e não cair em falsas promessas de pessoas que apenas querem criar confusão ou desestabilizar o desenvolvimento que o país regista.

    Registo civil gratuito

    A ministra da Justiça, que fez parte da delegação, reafirmou que os que foram resgatados das matas de Mavinga e Rivungo e todos quantos não possuam documentos de identificação tem garantido gratuitamente o Bilhete de Identidade e o registo civil.
    Neste momento, decorre o registo civil gratuito no bairro 11 de Novembro e nos próximos dias acontece o mesmo noutros locais onde haja pessoas que viviam, até há pouco, nas matas, para rapidamente serem inseridos na sociedade.
    O Ministério da Justiça, disse Guilhermina Prata, está a criar condições para, ainda este mês, começar o processo em Mavinga e Rivungo, de maneira que até ao final do ano todos os cidadãos estejam devidamente documentados.

    Garantia serviços

    O governador da província afiançou que não vão ser poupados esforços para os regressados das matas terem acesso a todos os serviços públicos que concorrem para a oferta do bem-estar social, designadamente na área de educação, saúde, registo civil, administração pública, empreendedorismo, comércio e a agricultura.
    Eusébio de Brito Teixeira referiu que, devido ao conflito armado, há ainda nas matas do Kuando-Kubango muitas pessoas, na maioria ex-militantes da UNITA, que precisam de ser realojadas.
    O ministro da Saúde, José Van-Dúnem, inaugurou um jango comunitário no bairro 11 de Novembro, onde foi instalado um televisor de 50 polegadas, que permite à população ter acesso à Televisão Pública de Angola e saber o que se passa no país e no estrangeiro.
    O bairro 11 de Novembro, criado em 2010, tem uma escola primária de três salas e um posto saúde.
    Em construção está outra escola, de seis salas.

    FONTE: JA

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