A cooperação entre as universidades católicas de Moçambique (UCM) e de Portugal (UCP) vai “ajudar a descobrir uma África diferente da de há 10 ou 30 anos”, defendeu em declarações à Lusa uma investigadora.
“Temos alunos a terminarem doutoramentos e mestrados que também querem fazer teses sobre a África subsaariana, incluindo Moçambique. Então, essa experiência contribui para o nosso próprio enriquecimento” disse Elisabete Azevedo-Harman, vice-diretora do Instituto de Estudos Políticos da UCP, sobre os benefícios da parceria com a congénere moçambicana.
Para a académica, que olha com expetativa o futuro da cooperação entre aquelas universidades, distintas e independentes, o alargar da parceria, agora para a área de Direito, é sinal de “satisfação”.
A cooperação na área de estudos políticos entre a UCP e UCM, que se iniciou em 2009, integra docentes portugueses que lecionam nos cursos de mestrado conjunto em Ciências Políticas, Governação e Relações Internacionais.
Este ano foi introduzida a licenciatura em Ciências Políticas e Relações Internacionais em Quelimane (Zambézia) e na Beira (Sofala), estando previsto para agosto a terceira edição do mestrado conjunto em Nampula.
“Em paralelo, a própria UCM começou a ter também pessoas formadas na área de ciências e estudos políticos e abriu a Faculdade de Ciências Sociais e Política em Quelimane na qual somos parceiros. Estamos satisfeitos com a cooperação e vamos continuar sempre que a UCM pedir alguma intervenção” frisou Elisabete Azavedo-Harman.
Na área de investigação assim como em governação e ciências politicas, segundo disse, a aposta assenta em “ter mestres e, depois, dourando-os”, com teses que abordem temas pertinentes de Moçambique.
As duas universidades católicas não beneficiam de fundos públicos, subsistindo apenas de propinas, por isso, disse a investigadora, o maior triunfo é oferecer produtos de qualidade.
“Não temos fundos do Estado (…). As nossas Universidades têm que subsistir dos seus próprios alunos, o que vemos como desafio e temos orgulho, porque nos distingue das outras. Se as duas universidades deixarem de oferecer produtos de qualidade, a sua sobrevivência está em risco”, reiterou Elisabete Azavedo-Harman.
“A UCM está em sete cidades, e quando dizemos ‘está em sete cidades’ em Portugal estamos a falar de uma hora ou duas horas de carro. Em Moçambique, estamos a falar de 15 a 20 horas de carro. Então, os nossos gabinetes de avaliação, através de um inquérito anónimo, trabalham constantemente na avaliação dos professores para assim garantir a qualidade” referiu.
FONTE: Lusa