A informação divulgada pelos órgãos de comunicação social locais, pelos técnicos de saúde e pelas organizações da sociedade civil sobre os perigos do HIV/Sida é ignorada pela esmagadora maioria dos habitantes do Kuando-Kubango e a doença continua a provocar muitos estragos no seio da população.
Esta é a conclusão do médico João Chihinga Solochi para justificar a elevada taxa de contágio sobretudo em Menongue, uma cidade pequena mas onde são diagnosticados mensalmente entre dez a 30 novos casos, só em mulheres grávidas.
Apesar dos permanentes apelos ao uso do preservativo, as estatísticas continuam a subir. “Ninguém sabe ao certo o número de doentes, mas o elevado número de casos detectados só nas consultas pré-natais, dá-nos uma ideia da situação desastrosa em que vivemos”, alertou João Chihinga Solochi.
Face a esta realidade, o único médico que no Kuando-Kubango trata das questões ligadas à Sida lançou um apelo ao Ministério da Saúde e às instituições nacionais e internacionais que em Angola trabalham com a doença, para dirigirem as suas baterias para o Kuando-Kubango sob pena de futuramente a doença provocar estragos sociais incalculáveis.
O fluxo migratório entre o Kuando-Kubango, a Zâmbia e a Namíbia, países da região com um elevado índice de pessoas infectadas por HIV/Sida, está na origem do aumento de casos da doença na província.
João Chihinga Solochi explicou que durante a guerra, centenas de habitantes da província, sobretudo os que residiam próximas ou ao longo da fronteira, fugiram para a Namíbia e a Zâmbia, onde constituíram laços familiares e agora, com a paz em Angola, há um vai e vem de pessoas e esta é seguramente uma das vias que acelerou a subida dos casos de Sida no Kuando-Kubango.
Actualmente, a Namíbia tem 20 infectados por cada 100 pessoas e a Zâmbia 16, números demasiado altos, se comparados com a situação do Kuando-Kubango que a relação de é cinco infectados por vem habitantes.
Fonte: Jornal de Angola