Os partidos políticos da oposição consideram que a entrada em funcionamento do Imposto de Rendimento de Trabalho (IRT) “agravou substancialmente a vida trabalhadores angolanos”, criticando a decisão do Executivo de isentar por um período de três meses os militares e paramilitares que prestam serviços nos órgãos de Defesa e Ordem Interna e não estender a medida aos restantes funcionários públicos.
“O IRT peca por não proteger o rendimento dos trabalhadores, que sofrerão uma grande redução dos seus ordenados, deixando-os mais vulneráveis”, disse ao Novo Jornal a segunda vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA, Navita Ngolo.
Segundo a deputada, da mesma maneira que o Executivo isentou por um período de três meses os militares e paramilitares que prestam serviço nos órgãos de Defesa e Ordem Interna, para reajustarem os seus salários, deveria estender a medida aos funcionários públicos.
A deputada da UNITA defende a adopção “urgente” de medidas macro-económicas e políticas que evitem a deterioração constante do poder de compra dos trabalhadores.
“Os salários praticados em Angola estão longe dos parâmetros internacionais, sendo necessário que se adoptem políticas consensuais para a satisfação dos trabalhadores”, defendeu.
O deputado da CASA-CE, Manuel Fernandes, disse que a entrada em funcionamento do IRT está já a afectar a estabilidade financeira das famílias.
“Os salários têm de servir para sustentar a família e poder fazer poupanças, mas em Angola isso não acontece. Agora, com a entrada em vigor do IRT a situação piorou”, lamentou, reconhecendo que “é fundamental pagar impostos, mas esses não devem ser muito excessivos”.
“O Executivo deve fazer tudo para evitar a degradação permanente do poder de compra”, acrescentou o político, defendendo que sejam aplicados no País “salários justos, de acordo com a formação académica de cada cidadão, e a consequente função que exerce no mercado do trabalho”.
O presidente do PRS, Benedito Daniel, defendeu uma boa distribuição da riqueza nacional, através do aumento de emprego e a atribuição de salários justos e dignos.
“Já sabíamos que o IRT ia criar embaraço na vida dos trabalhadores já mal pagos em Angola”, resumiu.