A Conferência Episcopal da República Democrática do Congo (CENCO) criticou severamente a expulsão de centenas de milhares de cidadãos de Angola durante a “Operação Transparência” e avisou que esta atitude do Governo de Luanda pode ameaçar a paz entre os dois países.
Numa tomada de posição pública, os bispos católicos congoleses pedem “ajuda urgente para meio milhão de pessoas”, entre estas mulheres, crianças e idosos, que foram expulsos de Angola no âmbito da Operação Transparência, ficando numa “situação de grande vulnerabilidade” na RDC depois de, ainda em Angola, terem sido sujeitos a tratamentos que “violaram os Direitos Humanos”.
Sendo claramente a instituição mais influente na RDC, os bispos católicos congoleses, que “gerem” a vida de mais de 80 por cento dos quase 100 milhões de habitantes deste gigante africano vizinho de Angola, tomam, normalmente, posição sobre os assuntos sociais e políticos em Kinshasa e não raramente influenciam decisivamente as opções internas e externas da política congolesa.
Mostrando-se “alarmados” com a situação que está a ser vivida pelo que dizem ser “meio milhão” de expulsos de Angola, os bispos católicos da RDC elevam a fasquia e avisam Luanda sobre a ameaça que esta situação constitui para a paz fronteiriça entre os dois vizinhos.
Apesar de a CENCO falar em meio milhão, o Governo angolano atesta serem cerca de 380 aqueles que deixaram o país no âmbito da Operação Transparência com que, desde 25 de Setembro e ao longo dos próximos dois anos, procura regularizar a exploração artesanal de diamantes nas províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Kuando Kubango, Bié e, entre outras, Malanje, bem como a questão da imigração ilegal.
“Milhares de crianças, velhos, mulheres, doentes e deficientes estão a ser tratados como tralha que está a ser despejada diariamente em áreas de grande insegurança”, acusa a CENCO, que exige ao Governo de Kinshasa que inicie rapidamente conversações com Luanda de modo a garantir que o regresso dos congoleses de Angola é feito com “respeito pela sua dignidade e de acordo com as leis internacionais”. (Novo Jornal Online)