O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas renovou nesta sexta-feira o mandato de sua missão de direitos humanos na Venezuela, uma iniciativa que Caracas considera uma ferramenta agressiva para interferir em assuntos domésticos.
O mandato para estender a Missão Internacional Independente de Apuração de Fatos para a Venezuela (FFM) por mais dois anos foi aprovado por 19 votos a cinco, e com 23 abstenções, durante uma sessão do Conselho em Genebra. A missão foi foi estabelecida pela primeira vez em 2019 para investigar supostas violações de direitos humanos.
Os que se opuseram foram Cuba, Bolívia, China, Eritreia e a própria Venezuela, cujo representante no Conselho, o embaixador Hector Constant Rosales, classificou a resolução como “hostil”.
O ministro das Relações Exteriores do presidente Nicolás Maduro, Carlos Faria, chamou a extensão do FFM de “um novo ataque contra a Venezuela” no Twitter.
A missão “está desenhada para o intervencionismo e para a falsificação da realidade. Esta comissão é um instrumento político para a mais descarada difamação em questões de direitos humanos”, acrescentou.
Em setembro, o terceiro relatório da missão descobriu que as agências de inteligência do Estado, que estão sob o comando de Maduro, haviam reprimido a oposição por meio de detenções arbitrárias e torturas que equivaliam a crimes contra a humanidade.
As agências de inteligência “usaram violência sexual e baseada em gênero para torturar e humilhar seus detidos” desde pelo menos 2014 e “as violações e crimes… continuam até hoje”, disse o relatório.
O governo venezuelano respondeu que as acusações do relatório eram “falsas e infundadas”.
(Reportagem de Emma Farge em Genebra e Vivian Sequera em Caracas)