Moçambique foi o terceiro Estado lusófono a ter a palavra na Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira, e o primeiro africano de língua oficial portuguesa.
Na sua intervenção, o chefe de Estado, Filipe Nyusi, começou por falar dos desafios com que o seu país se debate actualmente, entre terrorismo, luta contra a pobreza ou efeitos da pandemia de Covid-19.
“De facto, a crise pandémica da Covid-19, os desastres naturais decorrentes das mudanças climáticas e os conflitos armados, incluindo o terrorismo e extremismo violento, fazem com que milhões de pessoas continuem a viver na pobreza, sem alimentação adequada e sem acesso aos serviços de saúde e educação”.
O presidente moçambicano fez referência às forças do Ruanda e da SADC, comunidade regional, que apoiam o exército nacional na luta contra os extremistas islâmicos, activos desde 2017 na província nortenha de Cabo Delgado. Diz Nyusi que este é um exemplo de como África pode resolver os seus “próprios problemas”.
Esta experiência pioneira de combinação de intervenção bilateral e multilateral é, também, exemplo de resolução de problemas africanos, pelos próprios africanos.
Contudo, a questão que se coloca é a necessidade de apoio substancial a estes países que, de forma directa e interventiva, combatem connosco o terrorismo em Moçambique, de modo a tornar sustentáveis as operações ainda em curso.”
Na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde Julho de 2021, combatem o terrorismo (cujo primeiro ataque remonta a 5 de Outubro de 2017) com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, e cerca de 4.000 mortes.