Quarta-feira, Junho 12, 2024
15.6 C
Lisboa
More

    Olhar aos antigos combatentes

    (OPAIS)
    (OPAIS)

    O governante, que discursava durante o acto central das festividades do 53º aniversário do início da luta armada de libertação nacional, disse que o Executivo está a trabalhar para a resolução das prementes necessidades de milhares de antigos combatentes, que se bateram em prol da revolução, tendo pedido, por isso, “mais um pouco de paciência, porque os vossos problemas serão resolvidos”, garantiu.

    “Estamos aqui para render o merecido tributo à gesta heróica dos compatriotas, que no dia 4 de Fevereiro de 1961, empunharam catanas contra o regime colonial português”, reconheceu, para quem esta acção despertou a consciência de muitos outros angolanos no combate “contra a humilhação e a repressão”.

    Falando para milhares de cidadãos, que acorreram ao velho estádio do Futebol Clube do Uíge (FCU), em reabilitação, Paihama, depois de destacar o percurso histórico dos bravos guerreiros, realçou que é importante manter acesa a chama da história de Angola “para se transmitir às novas gerações as experiências de como se construiu a nação angolana”.

    Segundo Kundy Paihama, com a luta contra a repressão colonial, desencadeada pelos próprios filhos angolanos, alguns dos quais perderam as suas vidas, e baseada “num só povo e numa só nação, hoje temos uma nação de facto e de jure”, afirmou, embora admitisse que a construção desta mesma nação ainda não esteja a ser feita na sua plenitude.

    Discursando em representação do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, o governante referiu que “ o alicerce, as paredes, o telhado já estão feitos”, reforçando que “as portas, janelas e a pintura serão concluídas com o tempo”, disse esperançoso, num acto presenciado pelo ministro da Comunicação Social, José Luís de Matos.

    Homenagem aos protagonistas

    Sob o lema: “Com o espírito de Fevereiro, trabalhemos para a estabilidade, crescimento e emprego”, o governante disse ainda que o acto visou, mais uma vez, homenagear todos os que participaram activamente nesta insurreição armada que resultou na conquista da independência nacional, a 11 de Novembro de 1975.

    “Os angolanos eram tratados como escravos na sua própria terra e vendidos como simples mercadoria para mão-de-obra miserável e sem direito à vida, à dignidade humana, para a Europa e América, principalmente”

    “Estamos aqui para render o merecido tributo à gesta heróica dos compatriotas que, no dia 4 de Fevereiro de 1961, empunharam catanas contra o regime colonial português”, reconheceu, lembrando que esta acção despertou a consciência de muitos outros angolanos no combate “contra a humilhação e a repressão”.

    Durante o acto, que foi antecedido da deposição de uma coroa de flores no busto do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, Kundy Paihama fez uma retrospectiva sobre o passado, dizendo que, no tempo colonial, Angola ocupava o mesmo espaço territorial de hoje, “mas não era uma nação, não tinha independência nem Governo e as leis eram elaboradas, discutidas e aprovadas em Portugal”, para depois serem aplicadas em Angola.

    Segundo o ministro, “muitas dessas leis eram discriminatórias, opressoras e exploradoras”, recordou, avançando que, durante o jugo colonial, “os angolanos eram tratados como escravos na sua própria terra e vendidos como simples mercadoria para mão-de-obra miserável e sem direito à vida, à dignidade humana, para a Europa e América, principalmente”, deplorou.

    Motivação

    Kundy Paihama disse também que o “amor ao próximo estimulou o punhado de homens e mulheres que lutou contra o colonialismo português”, pois “cada um tinha a plena consciência que podia tombar naquele momento, pela desproporcionalidade do material bélico utilizado na altura e, também, pela realidade do combate violento”, afirmou.

    Acrescentou que “nenhum deles desistiu ou recuou porque, além de carregarem a revolta, a negação e o ódio contra o colonialismo, tinham, acima de tudo, o amor ao próximo, o amor à Pátria, um verdadeiro espírito de entrega”, enalteceu o governante, cuja intervenção foi vivamente ovacionada pelos presentes ao acto.

    Combate à fome e à pobreza

    No seu discurso, que durou pouco mais de 28 minutos,  o governante destacou ainda o empenho do Executivo no combate à fome e à pobreza, programas que constam do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), 2013-2014, traçado pelo Executivo, que inclui ainda as políticas para garantir a estabilidade, o crescimento e o emprego.

     

    “Nenhum deles desistiu ou recuou porque, além de carregarem a revolta, a negação e o ódio contra o colonialismo, tinham acima de tudo o amor ao próximo, o amor à Pátria, um verdadeiro espírito de entrega”

    No PND, segundo Paihama, a prioridade assenta sobretudo no emprego para os jovens, o acesso à habitação, construção de escolas técnicas de formação em todos os municípios do país. Para a aplicação deste programa, segundo o ministro, a prioridade é direccionada aos municípios. Esta aplicação, insere-se na execução do Programa Municipal Integrado de Desenvolvimento Rural de Combate à Fome e à Pobreza (PMIDRCFP).

    Alertou que “não basta termos programas e recursos financeiros. É preciso saber quantos vão beneficiar com esses programas e recursos, onde estão e como vivem, para que o Executivo possa trabalhar com dados certos”, disse, numa clara alusão ao censo populacional, que deve arrancar dentro de 90 dias, segundo anúncio oficial do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), órgão coordenador deste processo.

    Censo populacional

    Sobre esta matéria, cuja actividade arranca a 16 de Maio, o governante pediu a colaboração da população, no que concerne ao registo, embora reconheça ser um trabalho difícil, “mas muito importante para a vida de todos os angolanos”, disse durante o acto, a que assistiram numerosos munícipes, oriundos um pouco de todos os municípios da província.

    Festividades e inaugurações
    As festividades alusivas ao 53º aniversário do início da luta armada, foram marcadas por lançamentos e inaugurações de vários projectos de impacto social. No dia 3 de Fevereiro, fez-se o lançamento da primeira pedra para a construção da Mediateca do Uíge, num espaço contíguo ao Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED).Enquadrado na construção e expansão das Redes Mediatecas de Angola (REMA), coube ao governador provincial, Paulo Pombolo, colocar o primeiro bloco sobre o alicerce, num acto presenciado pelo secretário de Estado da Ciência e Tecnologias de Informação, Pedro Teta, e o secretário do Presidente da República para os Assuntos Sociais, Simão Helena.Após o lançamento, Simão Helena, em representação do Chefe de Estado, destacou a importância da construção deste empreendimento, que durará 14 meses a ser edificado por uma empresa de construção chinesa, a quem foi consignada a obra.Segundo o responsável, com a construção de mais esta mediateca, que se engloba num projecto de 25, que devem ser erguidas em todo o país, está-se a cumprir as orientações do Chefe do Executivo. “A REMA está-se a expandir paulatinamente, mas também progressivamente”, disse.Depois de realçar a importância deste projecto, Simão Helena, acrescentou que, para além de dotar de conhecimentos tecnológicos os usuários, poderá também proporcionar empregos aos jovens nesta província “para minimizar a problemática do desemprego e dele obter dinheiro para sustentar as suas famílias”.

    A ser construído num espaço de 2,6 mil metros quadrados, em forma de paralelepípedo, o mesmo comportará, além da própria biblioteca, um parque de estacionamento para 60 viaturas, auditório com capacidade de 160 lugares para conferência e/ou workshopes, e uma sala de cinema, ao ar livre, que exibirá somente às noites.

    Negage ganha fábrica de água

    Também em alusão à efeméride, o ministro da Comunicação Social, José Luís de Matos, inaugurou a fábrica de água de mesa denominada “Cesse” na cidade de Negage, 39 quilómetros a Sul da cidade do Uíge. Depois do corte da fita, os visitantes percorreram o empreendimento e receberam dos responsáveis da fábrica explicações pormenorizadas sobre o funcionamento da mesma.

    Construída de raiz, no bairro Bengo, arredores da cidade, a mesma está equipada com um laboratório de qualidade certificado pelo Ministério da Saúde (MINSA) de Angola e por um outro dos Estados Unidos da América, com padrões aceites internacionalmente. Tem a capacidade de produzir  4 mil e 500 garrafas por dia.

    Numa primeira fase, emprega 20 trabalhadores efectivos, que trabalharão em regime de turnos (manhã e tarde).

    O horário poderá estender-se até ao período da noite, se houver essa exigência em termos de produtividade, segundo apurou O PAÍS de fonte ligada à empresa. O referido empreendimento foi financiado em 6 milhões de dólares, pelo Banco de Fomento Angola (BFA).

    O governador local, Paulo Pombolo, em declarações à imprensa, mostrou-se satisfeito com a fábrica ora inaugurada, tendo revelado que, para além deste investimento privado, estão em montagem outras duas também em Quitexe e Maquela do Zombo, respectivamente. Lembrou que, antes da guerra pós-eleitoral, a província possuía duas fábricas: a Dusol (refrigerantes) e uma outra de vinhos.

    Visitas aos projectos

    A delegação encabeçada pelo ministro Kundy Paihama, que foi integrada ainda pelo secretários de Estado da Administração do Território para os Assuntos Locais, Cremildo Paca, Reinserção Social, Maria da Luz, representantes de partidos políticos, Joana Lina, Eduardo Kwangana e Baptista Pindi, do MPLA, PRS e UNITA, respectivamente, visitou a nova Centralidade de Quilomoço.

    Nesta urbanização, estão a ser erguidas 4 mil e 500 habitações de várias tipologias e as primeiras mil casas, já em fase de acabamento, serão entregues ainda ao longo deste semestre, segundo fonte da KORA-Angola, empresa construtora do projecto, cumprindo o prazo acordado.

    Aeroporto

    Esta pomposa infraestrutura, com o nome de “Manuel Quarta Punza”, foi totalmente reabilitada e ampliada, faltando apenas a sua reabertura, segundo apurou O PAÍS de fonte ligada à ENANA.

    “Está pronto para receber aviões de pequeno, médio e grande porte”, disse a fonte, que acrescentou desconhecer até agora as razões de “não entrar em funcionamento”.

    Com novas áreas de protocolo, salas de partidas e chegadas, lojas e serviços da ENANA (Torre de Controle), e outros, a pista conta com 2 mil e 300 metros de comprimento e 360 metros de largura e mais 15 metros de reserva ou segurança, segundo ainda a mesma fonte, que falou sob anonimato.

    Oficinas integradas comunitárias

    Na cidade do Uíge, foram inauguradas pelo ministro Kundy Paihama as Oficinas Integradas Comunitárias (OIC), afectas ao Ministério da Assistência e Reinserção Social (MINARS). O objectivo é proporcionar oportunidades remuneradas aos diferentes grupos vulneráveis em situação de risco, pessoas com deficiências, jovens, idosos, repatriados, refugiados e asilados devidamente identificados nas comunidades.  Com a abertura destas, a província passa a beneficiar de cinco oficinas, sendo três na cidade do Uíge, (especialidade de corte e costura, serralharia, electricidade e mecânica auto).

    As outras duas estão sedeadas em Negage e contam com as mesmas especialidades, estando localizadas no bairro Quitumo.

    Presentemente, este projecto beneficia 84 pessoas, repartidas nas especialidades acima referenciadas, em ambas as localidades (Uíge e Negage), segundo apurou O PAÍS de fonte ligada ao projecto, que manifestou a intenção de expandi-lo para outros municípios da província com necessidades de formação do género. (opais.net)

    por Ireneu Mujoco

    Publicidade

    spot_img

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Jerry West, o “logotipo” da NBA morre aos 86 anos

    A antiga estrela do basquetebol americano e três vezes selecionado para o Hall da Fama Jerry West e cuja...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema