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    O que dizer a alguém que está a pensar em suicídio

    Notícias ao Minuto

    Uma pessoa suicida-se no mundo a cada 40 segundos, com o suicídio a ser responsável por cerca de 800 mil mortes a cada ano, mais do que o cancro da mama, a malária, a guerra ou os homicídios.

    Os dados são revelados num relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o suicídio, que é descrito como um “importante problema de saúde pública global, que afeta todas as idades, sexos e regiões do mundo”.

    São estatísticas alarmantes – no entanto, é um assunto pouco discutido, segundo a própria OMS.

    O relatório da OMS elenca os dados das estimativas de suicídio registados em cada país em 2016. Portugal surge com uma taxa estimada de mortalidade de 14 por 100 mil habitantes, mas estes dados não são coincidentes com os números oficiais já divulgados pela Direção-Geral da Saúde, com base nas tabelas oficiais do Instituto Nacional de Estatística, que indicam uma taxa significativamente mais baixa, de 9,5 por 100 mil.

    Por mais solitário que esse ato extremo possa parecer, afeta filhos, pais, maridos e mulheres, amigos e colegas.

    Um estudo norte-americano publicado no ano passado diz que, para cada pessoa que se mata, o efeito pode chegar a impactar 135 outras.

    A professora Julie Cerel, da Universidade do Kentucky, nos Estados Unidos, também percebeu que o impacto não depende só de laços familiares, mas da proximidade com a pessoa que se matou.

    Falar sobre o assunto é sempre um desafio. Nesse sentido a BBC, com recurso à Samaritans, entidade britânica de apoio à saúde mental, fala sobre as melhores formas de conversar com alguém que está pensando em suicídio.

    Comece a conversa

    Não há certo ou errado ao conversar sobre pensamentos suicidas, o importante é começar a conversa, diz à BBC Emma Carrington, porta-voz da entidade de combate à doenças mentais Rethink UK.

    “Em primeiro lugar é preciso reconhecer que é uma conversa difícil. Não é uma conversa que temos todos os dias. Então, vai sentir-se nervoso e isso é normal”.

    “O importante é ouvir e não julgar”, explica Carrington.

    Conselhos para conversar com alguém com pensamentos suicidas:

    – Escolha um lugar calmo onde a pessoa se sinta confortável;

    – Garanta que terão tempo suficiente para conversar;

    – Se disser algo errado, não entre em pânico; não seja duro demais consigo mesmo;

    – Foque na outra pessoa, faça contacto visual, desligue o telemóvel – dê a sua atenção total à outra pessoa;

    – Seja paciente, podem ser necessárias várias tentativas até a pessoa estar pronta para se abrir consigo;

    – Use perguntas abertas que demandem respostas que sejam mais do que um sim ou um não;

    – Não sinta que tem de preencher todos os silêncios com conselhos e com palavras: às vezes a pessoa está a ganhar coragem para falar e precisa de tempo;

    – Não interrompa ou ofereça uma solução para todos os problemas, o importante é ouvir;

    – Não empurre as suas próprias ideias sobre como a pessoa deve estar a sentir-se;

    – Verifique se a pessoa sabe onde e como obter ajuda profissional

    Quem está em risco?

    O suicídio afeta pessoas de todas as idades e de ambos os sexos, mas globalmente o índice de suicídio entre homens é mais alto.

    Em 2016, a taxa e suicídio entre homens era de 13,5 a cada 100 mil, enquanto entre mulheres era de 7,7 por 100 mil.

    A proporção entre homens e mulheres, no entanto, varia de país para país.

    A Rússia tem o índice mais alto de suicídio entre homens (48 a cada 100 mil em 2016), seis vezes maior do que a taxa entre as mulheres.

    A ligação entre o suicídio e doenças mentais (principalmente depressão e alcoolismo) é bem documentada.

    Mas muitos casos ocorrem impulsivamente em momentos de crise, quando as pessoas têm surtos perante situações de stress extremos, problemas financeiros, separações, dores ou doenças.

    Os índices são altos entre populações rurais e entre grupos que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes, indígenas, pessoas LGBT e reclusos prisionais.

    De acordo com a OMS, pessoas que passaram por conflitos armados, desastres, sofreram abusos, perdas, violências ou sentem isolamento também estão em risco.

    “Uma pessoa pode sentir-se isolada mesmo que esteja cercada de pessoas. A pessoa pode estar a passar por dificuldades financeiras. Todas essas coisas podem acumular-se e o desfecho pode ser trágico”, diz Carrington, da Rethink UK.

    “A não ser que tenhamos o apoio das pessoas ao nosso redor, pode tornar-se opressivo”, conclui.

    Se estiver a sofrer com alguma doença mental, tiver pensamentos auto-destrutivos ou simplesmente necessitar de falar com alguém deverá consultar um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral.

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