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    “O Mali está sob o controlo profundamente cerrado das Forças Armadas”

    O Presidente de transição do Mali, nos próximos 18 meses, vai ser o coronel na reserva, Bah N’Daw, auxiliado pelo vice-presidente que é o chefe da junta militar que depôs Ibrahim Boubakar Keïta a 18 de Agosto, o coronel Assimi Goïta. O investigador moçambicano Régio Conrado considera que o presidente nomeado é a figura consensual porque “do ponto de vista legal, é de facto uma figura civil, mesmo que do ponto de trajectória profissional seja um coronel na reserva”. O que se vê é que “o Mali está neste momento sob o controlo profundamente cerrado das Forças Armadas”.

    Nesta entrevista, Régio Conrado, investigador doutorando no Instituto de Estudos Políticos da Universidade de Bordéus, comenta a situação política no Mali, no dia da comemoração dos 60 anos da independência do país, e depois das nomeações de um presidente e vice-presidente de transição.

    O antigo coronel Bah N’Daw, que chegou a ser ministro da Defesa alguns meses em 2014, foi nomeado Presidente de transição. A CEDEAO tinha pedido um Presidente civil, mas até que ponto um militar na reserva é visto como um civil? Régio Conrado explica que é “a figura consensual” com um lado civil, como pedia a CEDEAO, mas que não deixa de ser do exército.

    “Do ponto de vista legal, de facto, é uma figura civil, mesmo que do ponto de trajectória profissional seja um coronel na reserva. Era a figura que podia ser aparentemente consensual ou menos conflituosa porque respondia aos dois epítetos : por um lado, é de trajectória militar e, por outro lado, de trajectória civil”, explica Régio Conrado.

    A vice-presidência fica a cargo do chefe da junta militar que depôs Ibrahim Boubakar Keïta a 18 de Agosto, o coronel Assimi Goïta. Nesse caso, este período de transição continua nas mãos da junta militar? “Na substância sim, continua nas mãos da junta militar”, começa por responder o investigador.

    “O Mali, neste momento, está sob controlo profundamente cerrado das Forças Armadas, mas são Forças Armadas que estão profundamente conscientes de que não podem impor determinadas medidas que estejam em desacordo total seja com a comunidade internacional, assim como com a CEDEAO. Este junta militar está a ser profundamente inteligente ao articular as exigências da comunidade internacional e da CEDEAO, mas também tenta impor aquilo que são as suas prorrogativas”, descreve.

    Esta terça-feira, o chefe da junta militar e agora vice-presidente apelou à CEDEAO para levantar as sanções impostas ao Mali, justificando que foi nomeado um Presidente de transição que apresentou como civil. Estas nomeações merecem o levantamento das sanções da CEDEAO ? Para Régio Conrado, “uma das exigências fundamentais da CEDEAO e da comunidade Internacional era que houvesse um civil” e “há um consenso que esta figura apesar de ter um percurso militar, é uma figura que, de facto, neste momento é considerada como civil e militar”. “Agora, vai depender do que vai acontecer nos dias seguintes, como a questão da nomeação do primeiro-ministro e também dos ministros que veremos de onde é que virão.”

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    FonteRFI

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