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    Novas centralidades: Impacto ainda longe de corrigir o mercado

    Centralidade do Kilamba
    Centralidade do Kilamba. Foto: Novo Jornal

    Com as novas centralidades abertas ao público, regista-se o decréscimo nas vendas de residências e terrenos em algumas zonas. A situação é sentida, inclusive, pelos promotores informais do sector. Mas Segundo os especialistas estamos perante um período transitório.

    No distrito da Samba registou-se uma queda considerável nas receitas dos processos para licença de construção. O administrador daquela circunscrição, Adão António Malungo, admitiu que o que está a acontecer naquela parte de Luanda é resultado da procura de uma casa nas novas centralidades que continuam a ser erguidas.

    As solicitações para legalização de terras e licenças de obras “reduziram pouco tempo depois de ser aberto o processo de venda de casas nas diferentes centralidades em Luanda”.

    O responsável concluiu que “apesar das receitas terem baixado, de forma significativa, vemos um grande ganho que é o cidadão ter a possibilidade de ter as chaves de uma casa e realizar o sonho de ter uma casa própria”.

    Impedidos de adquirir uma casa a pronto-pagamento, a renda resolúvel surge como uma lufada de ar fresco para quem não se vê capacitado a obter uma residência nas novas centralidades. A correria que não se fez esperar apontou para uma tendência na mudança da qualidade de vida de muitos cidadãos, já que o sonho da casa própria parecia longe de ser realizado.

    Já no município de Viana, o espaço reservado ao programa de realojamento dos cidadãos que vivem em zonas de risco, a redução também é visível. Segundo o administrador daquele município, José Moreno, os poucos espaços que existem “são reservas fundiárias e outros destinados a pequena actividade agrícola, para além das grandes parcelas destinadas à implantação e desenvolvimento da Zona Económica Especial”.

    O dirigente disse ainda que, em algumas das zonas destinadas a projectos do governo, verifica-se a “ocupação de pessoas que desenvolvem a actividade agrícola mas que,

    em função dos interesses do Estado, poderão serão removidas para outros lugares”.

    2 milhões em Viana?

    José Moreno esclareceu ainda que o município que dirige tem recebido a cada dia mais pessoas que, por razões objectivas, fixam residência naquele lugar. O surgimento da nova centralidade no Zango, acrescentou, é outra das razões que leva a “uma queda no sector informal do Mercado imobiliário e também faz crer que Viana está muito próxima de superar a fasquia de 2 milhões de habitantes”.

    Um domínio claro e quase que absoluto do sector privado, dava primazia a determinadas franjas da sociedade, tendo em conta as modalidades com que são celebradas as negociações para obtenção de um imóvel, quer no centro da cidade ou noutros pontos da capital. Tal actividade estava entregue, com alguma exclusividade, às promotoras imobiliárias e aos chamados intermediários.

    Os intervenientes em todo esse processo sentem a influência das novas construções e venda de casas no Kilamba, Cacuaco e Kapari.

    Nesta situação, inclui-se também o arrendamento de casas. Francisco André, corrector de imóveis, em entrevista à Rádio Luanda, admitiu que há uma redução “tanto no arrendamento de casas como na venda de terrenos”. Diversas fontes registam uma redução dos preços praticados na cidade de Luanda.

    A DINÂMICA NÃO SATISFAZ A DEMANDA”

    O director-geral da Proimóveis, Cléber Corrêa, afirma que o impacto das novas centralidades poderá ter influência a longo prazo. Mas acrescenta que para que isso seja uma realidade é necessária a “produção de milhares de unidades”.

    O que foi feito até agora, especialmente em Luanda, não atende a demanda de 30 anos sem se construir. “Estima-se que o défice de habitação em Luanda se situe entre 300 a 500 mil habitações.

    Somente o privado poderá dar solução a isso ao longo dos anos, até porque o sector privado da construção civil, que praticamente parou em 2010, precisa ser ajudado e incentivado”, frisa o gestor.

    “A grande massa de população precisa de imóveis com preços equivalentes a 60 mil dólares, digamos assim. Só que, com a venda através da renda resolúvel, não é possível usar o mesmo dinheiro que fez aquelas casas para repô-las a novas famílias.

    Será necessário buscar novos recursos para a construção de novas casas”, explica Corrêa.

    A conversão de determinados lotes de terreno em reservas fundiárias pode não representar um equilíbrio porque, segundo Cléber Corrêa, o que falta não são terrenos mas sim um financiamento com juros bonificados. “Isto pode ajudar a população a ganhar capacidade financeira para compra das casas e levar infra-estruturas para as diferentes zonas das cidades. Quando são colocadas as infra-estruturas surge o progresso”, citando como exemplo o desenvolvimento da via que liga Cacuaco ao Benfica.

    Dos diferentes benefícios que poderiam resultar, Cleber Corrêa destaca a redução da anarquia no planeamento urbano. Cléber afirma, que a onda de novas casas não vai também aumentar a anarquia, devido a especulação imobiliária.

    “A solução está no estímulo ao privado para construção de loteamentos, porque as pessoas vão preferir comprar lotes, financiados em vários anos, em bairros organizados e terra legalizada. Para isso o Estado precisa fazer as infra-estruturas internas também, senão o custo do lote oscilará de 20 aos 50 dólares por metro quadrado de terreno vendável. Por exemplo, um terreno de 600 metros quadrados poderá neste caso custar de 12 a 13 mil dólares – muito caro para a população carente”, conclui o responsável da Proimóveis.  ERNESTO GOUVEIA  (Novo Jornal)

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