O Mercosul decidiu nesta sexta-feira, na cidade argentina de Mendoza, suspender o Paraguai até a realização das eleições de abril de 2013, e anunciou a Venezuela como membro pleno do bloco a partir de agosto.
“O Mercosul suspendeu temporariamente o Paraguai até que seja realizado o processo democrático que novamente instale a soberania popular nesse país”, disse a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, ao encerrar a reunião do bloco, voltada à análise do impeachment “relâmpago” contra Fernando Lugo.
Kirchner destacou que a suspensão não acarretará sanções económicas contra o Paraguai.
A presidente argentina anunciou ainda que no dia 31 de julho a Venezuela se tornará membro pleno do Mercosul: “a data e lugar será 31 de julho no Rio de Janeiro, quando a República Bolivariana da Venezuela será incorporada como membro pleno do Mercosul”.
A declaração final justifica a inclusão da Venezuela “pelos princípios de gradualidade, flexibilidade, equilíbrio, reconhecimento das assimetrias e do tratamento diferenciado, com base no protocolo (de fundação) de Ouro Preto”.
A entrada da Venezuela como membro pleno do Mercosul era barrada pelo Congresso paraguaio.
Lugo destacou que “a democracia da região decidiu punir a classe política paraguaia por violar a constituição e toda a jurisprudência nacional e internacional sobre o direito à defesa e ao devido processo”. Todo o processo de impeachment durou pouco mais de 24 horas.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comemorou a decisão dos presidentes do Mercosul de aceitar seu país como membro pleno do bloco a partir de 31 de julho, afirmando que “é um dia histórico, é preciso comemorá-lo, 29 de junho, um dia para a história da integração (…) é uma lição de ética, uma lição de política verdadeira para esses enclaves autoritários que ainda existem na América Latina”.
“É um dia histórico que deve ser comemorado e que terá ressonância geopolítica. Não tenho dúvidas de que por trás daquele grupo de senadores, de deputados de Paraguai, estão as mãos do império impedindo a formação na América do Sul de uma verdadeira potência”, acrescentou.
A presidente Dilma Rousseff, que recebeu de Kirchner a presidência temporária do Mercosul, pediu aos colegas do bloco que zelem para que o Paraguai celebre eleições livres.
“Temos que fazer neste semestre nossos melhores esforços para que as próximas eleições no Paraguai sejam democráticas, livres e justas”, disse Dilma aos presidentes.
“Temos capacidade, e já demonstramos isso, para atender às necessidades das nossas sociedades, tanto em matéria social, quanto económica, mas também democrática”.
Dilma Rousseff comemorou a inclusão dos venezuelanos no bloco destacando que “o Brasil e os países do Mercosul esperam que cada vez mais se somem países como a Venezuela”. “Conto com o empenho de todos e espero que, com nossa vontade coletiva, sejamos capazes de respeitar a dimensão da nossa América Latina”.
“Ainda somos uma das regiões do mundo menos afetadas pela crise internacional e, por isso, temos que fazer da integração económica um fator relevante”. “A América Latina não é nem será apenas uma fornecedora de alimentos, minerais e energia que, sabemos, é importante para o mundo, mas nós somos países capazes de gerar valor e usar a pesquisa científica para ampliar nossos mercados”, afirmou Dilma.
Além de Dilma e Cristina Kirchner participaram da Cúpula de Mendoza os presidentes José Mujica (Uruguai), Sebastián Piñera (Chile), Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia).
Fonte: AFP
