O artista Mário Tendinha inaugura no dia 27 às 18h30, no Instituto Camões – Centro Cultural Português, em Luanda, uma exposição de pintura denominada “Através das Portas”, que fica patente ao público até 19 de Outubro.
Benjamim Sabby, curador da exposição, disse ao Jornal de Angola que a mostra comporta mais de 15 obras de pintura da autoria de Mário Tendinha. Salientou que o artista utiliza a sua técnica de pintura sobre portas de madeiras e de metal.
Quanto à obra de Mário Tendinha, Benjamim Sabby referiu que a mostra reflecte o quotidiano, com destaque para a felicidade, liberdade e amor. Com entrada grátis, a exposição pode ser visitada das 9h30 às 17h00.
Sobre a exposição, o autor refere que “através da chuva atrasei, através das faltas me descontaram, através do candongueiro, através do através, através da coisa, através do coiso, através dos travões choquei, através da Edel não tinha luz, através da loja comprei. Através das portas, da porta da vida, portas da morte, porta dos fundos, porta do wc, porta do armário, portas do inferno, porta de casa, porta do carro, porta-chaves, porta-moedas, o raio das portas que não me saem da cabeça através de…”.
Mário Tendinha sublinha que a utilização de portas já usadas, algumas guardadoras de segredos, outras nem por isso, procuradas em obras, no lixo e à beira da morte, “passam a ter vida própria em roupagens de nkisis, xinganges, dos meus feitiços desta vida que me passa pelos olhos diariamente enquanto respiro”.
Mário Tendinha refere que transformar as portas “velhas” do “lixo” em obras de arte deixando caminhos, abrindo portas para esses caminhos, felicidade, liberdade, tantos caminhos, sobretudo abrir portas como propostas, reflexões, preocupações ambientais, humor, através das portas “é um pouco isso mesmo, partilha”.
O pintor do Namibe realizou a primeira exposição individual no Huambo, na Biblioteca Municipal, em 1972. Um ano depois surge com novos trabalhos e outra exposição, no CITA, em Luanda.
Mário Tendinha faz parte dos artistas que fundaram a Oficina d’Arte, no Lubango, em conjunto com pintores locais, tendo terminado com a realização de uma grande exposição colectiva que reuniu obras de artistas de todo o país em 1974, na província da Huíla.
Em 2003, depois de ter ficado 25 anos sem pintar e 28 anos sem expor, volta a mostrar o seu trabalho ao público, em Luanda, na galeria Cenarius, na exposição “Lá para o sul…”.
No ano de 2004, expõe pela primeira vez no exterior do país, na Casa das Artes de Famalicão, em Portugal, com a mostra “Partilhar I”. No mesmo ano, volta a expor no Centro Cultural Português do Instituto Camões em Luanda, apresentando “Partilhar II”, com novos trabalhos.
O pintor apresenta, quatro anos depois, uma mostra de desenhos a tinta-da-china, “Riskuss”, na Galeria Celamar, em Luanda, e “Oratura… dos Ogros e do Fantástico”, na Horto Municipal, no Namibe, e no Salão Internacional de Exposição do Museu Nacional de História Natural. Em 2009 expôs “Ngola Mirrors”, no Centro Cultural do Instituto Camões, em Luanda.
Mário Tendinha, nascido em Maio de 1950, na cidade do Namibe, sempre teve o mar, a pesca, o deserto, o povo Cuvale como referências naturais marcantes na sua vida.
O artista começa a desenhar e a pintar aos 18 anos, muito influenciado pelas correntes modernas da época, a música pop, os hippies e os movimentos sociais. A banda desenhada é uma das suas paixões desde a infância, deixa marcas no seu trabalho inicial, que se traduz pelas técnicas e suportes então utilizados, o papel, o guache, a aguarela e a tinta-da-china.
