Em Angola o jornalista Francisco Rasgado foi hoje absolvido por um tribunal de Benguela, o director do Chela Press era acusado pelo antigo governador, Rui Falcão, de difamação por ter denunciado uma série de práticas daquele que agora ocupa o cargo de secretário da informação do MPLA, partido no poder. Francisco Rasgado denunciou uma cabala na origem da sua detenção.
Em Angola o Tribunal de Benguela absolveu o jornalista Francisco Rasgado dos crimes de que era acusado pelo antigo Governador Rui Falcão. Este exigia uma indemnização de 2 milhões de dólares.
Francisco Rasgado foi esta segunda-feira absolvido dos crimes de difamação e injúria de que era acusado no âmbito de um processo movido pelo ex-governador de Benguela, e actual porta voz do MPLA partido no poder, Rui Falcão.
A informação foi confirmada pelo jornalista à RFI no fim da sessão de julgamento ” Fui absolvido de todas as acusações, classifico a minha detenção como uma cabala política” disse a Daniel Frederico.
O político do MPLA, partido no poder, pedia uma indemnização de cerca de dois milhões de dólares por crimes de injúria contra a autoridade e difamação.
Francisco Rasgado, director e fundador do jornal Chela Press, assinou no ano passado um artigo denunciando alegados actos de corrupção, gestão danosa e desvio de meios públicos ligados ao governo provincial de Benguela, então liderado por Rui Falcão, tendo sido processado por injúria e difamação.
O profissional da comunicação social estava acusado de um crime de injúria contra a autoridade pública, no âmbito de uma queixa apresentada por Rui Falcão e também de um crime de difamação no âmbito do processo movido por Carlos Cardoso, da empresa de construção CCJ, suposta beneficiária dos equipamentos.
O jornalista de Benguela, sul de Angola, chegou a estar detido durante três dias por ter supostamente faltado a uma sessão do julgamento, para a qual, segundo o seu advogado, não foi notificado, facto que tinha sido denunciado, também à rfi por Teixeira Cândido, do Sindicato dos jornalistas.
Os representantes de Rui Falcão prometem recorrer, este reclamava uma indemnização superior a um bilião de kwanzas (1,7 milhões de euros).
Segundo o artigo de Francisco Rasgado, em causa estava o desvio de equipamentos para construção civil, distribuídos pelo governo central, que foram apreendidos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeitas de fraude na adjudicação à firma CCJ.
As máquinas viriam mais tarde a ser devolvidas à construtora.
Em declarações a Daniel Frederico diz ter sido absolvido sem restrições e sentir-se bem, tendo, mesmo, promovido um concerto neste domingo.
“Foi uma cabala organizada pelo Rui Falcão. Acabei por ser mais uma vítima do sistema, marcou o início do fim da liberdade de expressão e a instauração da ditadura”, opinou ele.