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    Guiné-Bissau: Jovens continuam a pedir demissão do Presidente apesar de ameaças

    Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados volta a sair à rua, este sábado, para mais uma manifestação contra José Mário Vaz. Porta-voz lança o alerta: “Guiné-Bissau está à porta da ditadura”.

    Em protestos anteriores, o Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados (MCCI) com a crise política denunciou casos de violência e detenção de activistas. Ainda assim, garante Lesmes Monteiro, porta-voz do grupo, os manifestantes não se deixam demover.

    Monteiro afirma que foi alvo de uma alegada tentativa de assassinato, na madrugada de sexta-feira, dia 13 de Abril, quando foi espancado por desconhecidos, na sua residência, nos subúrbios de Bissau.

    Em entrevista à DW África, o porta-voz do MCCI aponta o dedo às autoridades guineenses pelas alegadas ameaças contra os organizadores das manifestações, mas sublinha que todos vão estar presentes em mais um protesto para exigir a demissão do Presidente guineense.

    DW África: O que está previsto para este sábado?

    Lesmes Monteiro (LM): Temos mais uma manifestação para reafirmar a nossa determinação na luta pela democracia na Guiné-Bissau e para exigir a renúncia do Presidente da República, José Mário Vaz, por estar incapacitado para unir os guineenses e cumprir com a Constituição da República. É o principal responsável pela crise na Guiné-Bissau nos últimos anos. Acreditamos que a única solução, neste momento, passa por eleições gerais, porque o Presidente, que devia ser o símbolo da unidade nacional, garante da estabilidade e do normal funcionamento das instituições não está a interessado em cumprir as obrigações assinadas no âmbito da intervenção da comunidade internacional, principalmente o Acordo de Conakry.

    DW África: Já não é o primeiro protesto que organizam e, em protestos anteriores, denunciaram alguns casos de violência e detenções. Temem que este cenário se repita no sábado? A manifestação foi autorizada?

    LM: De acordo com a legislação guineense, as autoridades não têm a competência de autorizar a manifestação. Os organizadores têm de dar conhecimento às autoridades policiais no sentido de garantir a segurança dos manifestantes. Como estamos a viver num país que está à porta da implantação da ditadura, as autoridades têm inventado algumas leis que, na realidade, não existem. Proibiram a manifestação no largo da Praça do Império, diante da Presidência da Guiné-Bissau – que é o local onde as pessoas habitualmente fazem manifestações. O próprio Presidente, durante a campanha eleitoral, fez vários comícios no local. Estão a condicionar a nossa actuação, mas nós temos agido de forma pacífica e não vamos entrar em confronto com o poder.

    Houve detenção de pessoas afectas ao movimento na última vigília, no dia 8. Eu, pessoalmente, fui vítima de tentativa de assassinato na madrugada do dia 13 e, neste momento, estou a sair de uma clínica onde estive internado quase uma semana. Acredito que as pessoas que tentaram consumar este ato foram enviadas por actuais detentores do poder, com o intuito de tentar desencorajar e intimidar as pessoas que estão a lutar de forma pacífica. Nós acreditamos que podemos mudar este cenário com a reivindicação pacífica.

    DW África: Segundo o MCCI, por causa destas ameaças que denunciam, alguns dos dirigentes do grupo estão actualmente escondidos. Estarão presentes na manifestação?

    LM: Sim, incluindo eu. Vamos estar presentes na manifestação de sábado. Estivemos num local seguro ao longo desta semana por uma questão de precaução. As autoridades estão a realizar uma investigação, em consonância com algumas instituições internacionais que operam na Guiné-Bissau, principalmente o Escritório Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), que está a par desta situação, a Liga Guineense dos Direitos Humanos e a sociedade civil.

    Queremos dizer às pessoas que estão a tentar aniquilar os dirigentes deste movimento que não vão conseguir. Vamos estar na manifestação, vamos demonstrar à comunidade nacional e internacional que, apesar de cairmos com esta tentativa de assassinato, reerguemo-nos e vamos continuar firmes na defesa dos valores da democracia na Guiné-Bissau.

    DW África: Como é que as autoridades reagiram a estas denúncias?

    LM: A Polícia Judiciária está a investigar, neste momento. Queria apenas lamentar a declaração do primeiro-ministro [Umaro Sissoco Embaló] que terá afirmado que esta agressão, esta tentativa de assassinato, resulta de ajustes de contas entre os membros do MCCI por causa de alegados fundos e financiamentos. É uma declaração infeliz do primeiro-ministro, mais uma vez. As pessoas já estão habituadas. Vamos entrar com uma queixa-crime contra o atual primeiro-ministro: ele terá de provar na Justiça as denúncias caluniosas que fez com o intuito de desinformar a opinião pública nacional e internacional. (DW)

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