A Rússia negou neste domingo (8) que o governo sírio tenha usado armas químicas em Duma, um bastião rebelde da região de Ghuta Oriental, depois que os Estados Unidos responsabilizaram Moscovo, em última instância, pelo suposto ataque.
“Negamos categoricamente essa informação”, disse o general Yuri Yevtushenko, chefe do Centro Russo para a Reconciliação das Partes em Guerra na Síria, em declarações às agências russas.
“Estamos prontos para, uma vez que Duma tenha sido liberada de combatentes, enviar imediatamente especialistas russos em radiação, defesa química e biológica para colectar dados que confirmarão que essas acusações são inventadas”, acrescentou.
– EUA denunciam ataque químico –
No sábado, a cidade de Duma voltou a ser bombardeada, e 70 civis morreram em 24 horas. Destes, 11 sofriam de problemas respiratórios. Os Capacetes Brancos, socorristas nas zonas rebeldes e os primeiros a chegarem ao local do ataque, acusam o presidente Assad de ter usado “gás cloro tóxico”.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) informou que houve dezenas de casos de sufocamento, alguns letais.
“Essas informações, caso se confirmem, são horrorosas e precisam de uma resposta imediata da comunidade internacional”, disse a porta-voz do Departamento de Estado americano, Heather Nauert, em um comunicado.
“O regime de Assad e seus apoios têm que prestar contas (…) A Rússia, com seu inquebrável apoio ao regime, é responsável, em última instância, por esses ataques brutais”, acrescentou.
Segundo Nauert, “a protecção russa ao regime de Assad e seu fracasso em deter o uso de armas químicas na Síria gera dúvidas sobre seu compromisso para resolver a crise em geral”.
A porta-voz convocou Moscovo a se somar aos esforços internacionais para evitar futuros ataques.
O governo Bashar al-Assad foi acusado repetidas vezes de usar armas químicas. As Nações Unidas estão entre os que culpam as forças oficiais de Damasco pelo ataque mortal com gás sarin ocorrido em Khan Sheikhun em abril de 2017.
– ONU insiste no fim da guerra –
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu neste domingo que o fim dos combates em Duma e reconheceu que a organização não está em condições de confirmar a utilização de armas químicas.
Guterres “está profundamente preocupado com a intensa violência deflagrada em Duma nas últimas 36 horas, após um período de relativa calma” e “pede a todas as partes que cessem os combates”, afirma um comunicado de seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
O chefe da ONU “está particularmente preocupado com as acusações do uso de armas químicas contra a população civil de Duma”.
“Ainda que as Nações Unidas não estejam em condições de verificar essas informações, o secretário-geral ressalta que todo uso de armas químicas, se confirmado, é odioso e requer uma profunda investigação”, acrescenta a nota. (Afp)