O Conselho de Estado francês ordenou este domingo ao governo que reveja nos próximos três dias o decreto que limita o número de fiéis que podem assistir a cerimónias religiosas a 30 pessoas.
“Esta medida do governo é incompreensível, não se percebe muito bem porquê 30, independentemente da dimensão do lugar de culto. 30 pessoas numa capela pode ser muito, 30 pessoas numa igreja de cidade ou numa catedral não é quase nada”, descreve o reitor do Santuário Nossa Senhora de Fátima, em Paris, Nuno Aurélio.
“O primeiro-ministro, Jean Castex, é obrigado a mudar, no prazo de três dias, as disposições do decreto que limita o número de fiéis a 30, tomando medidas estritamente proporcionais para supervisionar as cerimónias e reuniões nos estabelecimentos de culto”, decidiu o Conselho de Estado.
“Esta medida provocou uma estranheza e desgaste no respeito pelas orientações que recebemos”, lembra o Reitor Nuno Aurélio.
Na sexta-feira, associações católicas recorreram ao Conselho de Estado para denunciar o decreto governamental por considerarem que se tratava de uma medida “desnecessária, desproporcional e discriminatória”.
A França entrou ontem numa nova fase de desconfinamento gradual ao flexibilizar as restrições em vigor para combater a pandemia do novo coronavírus, permitindo a reabertura do comércio.
Este sábado, milhares de pessoas juntaram-se em diversas cidades franceses em protesto contra lei de segurança. “Não deixou de ser chocante ver ontem a França encher-se de manifestações com milhares de pessoas nas ruas, uns em cima dos outros ou de ver certas lojas que, pela sua dimensão, autorizavam mais de 600 pessoas lá dentro.. depois vem o governo e diz que os espaços de culto estão limitados a 30 pessoas, isto não é lógico”, conclui.