Um dos mais célebres condenados à pena de morte nos Estados Unidos, Mumia Abu-Jamal, não será executado, mas passará o resto da vida na prisão. A decisão foi anunciada nessa quarta-feira pela justiça da Filadélfia, colocando um ponto final a 30 anos de batalha jurídica.
O ex-radialista e militante do movimento em defesa dos negros Pantera Negra foi condenado pelo assassinato de um policial branco, mas sua sentença sempre foi questionada por ter sido aplicada por um júri 100% branco.
“Abu-Jamal não será mais condenado à morte, mas vai passar o resto da vida atrás das grades, é lá que ele deve ficar”, declarou o procurador Seth Wiliams afirmando que não havia “nenhuma dúvida” de que ele foi o responsável pela morte do policia Daniel Faulkner em 9 de dezembro de 1981.
A decisão do procurador significa que Mumia Abu-Jamal ficará na prisão até sua morte, sem possibilidade de liberação de acordo com a lei do estado da Pensilvânia.
A principal organização de defesa dos direitos dos negros americanos, NAACP, comemorou a decisão da justiça. “Os procuradores fizeram o que tinha de ser feito. Depois de 30 anos, chegou o momento de acabar com essa busca pela pena de morte”, disse a organização. “ A justiça foi feita na medida em que foi anulada uma sentença de condenação à morte por um júri mals informado”, disse Judith Ritter, advogada da NAACP.
A esposa do policial assassinado disse que aguarda com impaciência o momento em que o ex-jornalista seja “confrontado ao Juiz Supremo”.
Mumia Abu-Jamal, de 57 anos, publicou vários livros sobre sua luta no corredor da morte. Um site internet (www.freemumia.com) foi criado por miliantes para apoiar Abu-Jamal, considerado um símbolo de uma justiça racista, e também para mobilizar milhares de pessoas no dia 9 de dezembro para lembrar o aniversário de 30 anos de sua prisão.
Um abaixo-assassinado foi lançado em janeiro do ano passado para pedir ao presidente Barack Obama se pronunciar publicamente sobre a condenação de Abu-Jamal à morte. O documento foi assinado por diversas personalidades, incluindo a ex-primeira-dama francesa, Danielle Mitterand, que morreu no mês passado.
Fonte: RFI
Foto: OLIVIER MORIN