O Egipto não tem pressa de responder aos EUA, mesmo recebendo equipamentos militares dos americanos, escreve o jornal Washington Post.
O autor de um artigo recentemente publicado, Jackson Diehl, chamou as acções das autoridades egípcias de “bofetada”.
Segundo Diehl, o Egipto considera o “liberalismo ocidental” dos EUA como o seu maior inimigo, e não o “extremismo sunita” ou o grupo terrorista Daesh (também conhecida como Estado Islâmico e proibido na Rússia).
De acordo com o artigo, a respectiva conclusão pode se depreender das palavras das autoridades do Egipto sobre as assim chamadas guerras de quarta geração. O presidente do país árabe, Abdel Fattah Sisi, condenou pessoalmente estas durante uma reunião com cadetes no ano passado.
O presidente disse na altura que as guerras de quarta geração estão sendo realizadas por via de comunicações modernas, psicologia e média, e destroem os Estados a partir de dentro. Segundo ele, ninguém pode destruir um país, se ele próprio não fizer mal a si mesmo.
“Quem é o inimigo nesta guerra? De acordo com as declarações de militares egípcios, são os EUA. Quer dizer, o mesmo país que fornece ao exército veículos blindados e bilhões de dólares de ajuda gratuita”, escreveu Diehl.
O autor cita o briefing do Ministério da Defesa do Egipto realizado em Março do ano corrente no Parlamento. De acordo com a agência Mada Masr, um dos temas do briefing foi a “Estratégia de defesa do Egipto e os planos do Ocidente para fragmentar o Oriente Médio”.
Ainda de acordo com o artigo no WP, tais declarações são exemplos de “retórica anti-americana” prejudicial ao país.
Diehl escreveu que os generais egípcios não vêem esta contradição: eles utilizam equipamento blindado e caças F-16 na luta contra o Daesh na península de Sinai, ao mesmo tempo que os serviços de informação e a Procuradoria lutam contra actividades subversivas dos EUA no Cairo.
Enquanto tudo isso, o autor não se deu ao trabalho de especificar como a ajuda dos EUA na luta contra o Daesh está ligada com as organizações não-governamentais no Cairo. Mas ele chamou os generais americanos a exigir de Sisi para que ele, nos seus discursos na TV, declare que os EUA não querem destruir o Egipto e não têm nada a ver com as guerras de quarta geração.
Cabe também mencionar que no mês corrente a organização Amnistia Internacional publicou dados segundo os quais metade dos países-membros da União Europeia, inclusive Alemanha e França, vende armas ao Egito, não obstante o embargo que continua em vigor desde 2013. (SPUTNIK)