
A conclusão da venda da Tobis – um dia antes da assembleia-geral de acionistas marcada para sexta-feira – foi entretanto comunicada hoje aos trabalhadores da empresa pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas.
De acordo com o responsável do ICA, a empresa que adquiriu a Tobis ficará com a “área de negócio de restauro e digital” da mais antiga produtora cinematográfica portuguesa, por um valor “que permitirá liquidar o passivo da empresa perante terceiros”.
“Com este negócio procura-se salvaguardar o maior número de postos de trabalho da Tobis, assegurando-se a protecção dos direitos dos trabalhadores”, disse fonte do ICA, acrescentando que, “com esta operação, não serão alienados nem o património fílmico, nem os imóveis propriedade da Tobis”.
A proveniência da empresa compradora só foi revelada, mais tarde, pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, citado pela Lusa, que assumiu ser uma companhia “estrangeira de capitais sobretudo angolanos” – tal como o Negócios tinha revelado em Outubro –, com a qual o Estado nunca teve contacto directo. O contacto, revelou, foi feito com bancos e advogados.
O Negócios tentou obter informações junto do presidente do ICA que não se mostrou, até ao momento, disponível.
A Lusa contactou entretanto o responsável do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e do Audiovisual (SINTTAV), António Caetano, que confirmou que o secretário de Estado da Cultura já comunicou aos trabalhadores da Tobis a venda da empresa.
António Caetano acrescentou porém que, de acordo com o secretário de Estado, apenas ficou garantida a manutenção de “metade” do total de efetivos da empresa.
A Tobis conta com 55 trabalhadores e, de acordo com o governante, apenas metade dos postos de trabalho estão assegurados.
Instado pela Lusa a pronunciar-se sobre a venda da Tobis, o sindicalista escusou-se a comentar alegando que têm marcada para as 16:30 de hoje uma reunião entre o sindicato e o Instituto do Cinema e do Audiovisual. A haver declarações só depois da reunião, concluiu.
Daí a decisão de não oposição à venda da Tobis.
A Tobis foi vendida à Filmdrehtsich por 3,78 milhões de euros que, assim, ficará com os equipamentos de pós-produção digital, restauro digital e recuperação de arquivos (imagem e áudio). O arquivo e os bens imóveis da Tobis ficam no Estado.