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    Especialistas apontam causas dos confrontos em Cafunfo e alertam para perigo da sua reprodução

    Os acontecimentos registados em Cafunfo, na província angolana da Lunda Norte, no passado 30 de Janeiro, que deixaram vários mortos e que mantêm um ambiente de medo na vila, segundo moradores, continuam a suscitar varias leituras e analises em Luanda.

    Da psicologia ao direito, passando pela antropologia, especialistas tentam entender o por quê do “massacre”, de acordo activistas.

    O antropólogo João Lukombo Nza Tuzola entende que cenários do tipo só acontecem por ausência de comunicação com as populações que normalmente habitam localidades onde há imensa riqueza natural.

    Ele entende que a continuar assim outros “cafunfos” virão.

    “O cerne da questão é socio-económica porque os cidadãos dessas comunidades sentem-se frustrados de não se beneficiarem das riquezas das zonas onde nasceram e, por outro lado, a falta de diálogo com essas comunidades, onde os recursos são explorados”, explica Nza Tuzola, quem lembram que “se falta água, falta escola, há altos índices de desemprego e, por exemplo nas Lundas, há mais estrangeiros garimpeiros que nacionais, que entram com a facilidade de generais que possuem minas de diamantes, é preciso conversar”.

    Ele alerta para o perigo de situações como a de 30 de Janeiro se reproduzem no Soyo, Chipindo, Mavoyo, como tem acontecido noutros países africanos.

    Quanto aos comportamentos o psicólogo Carlinhos Zassala explica haver um desfazamento entre os usos e costumes das pessoas e as leis impostas às populações.

    “Como dizia Montesquieu são os usos e costumes que devem ser transformados em leis, e não as leis criarem usos e costumes, se continuarmos nesta senda outros Cafunfos virão, outras sextas-feiras sangrentas, Cabindas, etc.”, acrescenta Zassala, para quem “a única forma de se resolver isso é sentar e falarmos abertamente dos nossos problemas, sem tabus”.

    Por seu lado, o jurista Pedro Kaparakata diz que não se surpreende com Cafunfo e lembra que o que se viu na Lunda Norte é recorrente.

    “Houve os massacres nos campos da revolução, onde se fuzilavam pessoas a céu aberto, depois tivemos o massacre do 27 de Maio de 1977, na década de 1980 tivemos o massacre dos Tocoístas na Terra Nova, aqui em Luanda, depois vieram os massacres do pós-eleições de 1992, depois tivemos o massacre da sexta-feira, por aí”, lembra aquele advogado.

    Dez dias depois dos confrontos, moradores relatam medo e mais prisões em Cafunfo, enquanto os três partidos da oposição com assento parlamentar, UNITA, CASA-CE e PRS, garantem que 23 pessoas morreram, 21 ficaram feridas e 10 estão desaparecidas.

    As autoridades continuam a insistir em seis mortes e a Amnistia Internacional confirmou, na semana passada, pelo menos 10 mortes e muitos desaparecidos.

    O presidente do Movimento do Protectorado Lunda Norte, José Mateus Zecamutchima, que convocou a marcha para pedir diálogo com o Governo, foi detido na terça-feira, 9, quando foi prestar declarações no Serviço de Investigação Criminal, em Luanda.

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    FonteVoA

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