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    Destruição em Ghuta Oriental dificulta a volta de seus habitantes

    Com a testa franzida, Oum Mohammed olha uma sequência de moradias destruídas sem conseguir encontrar a sua. Ao voltar para casa, os moradores de Ghuta Oriental, perto de Damasco, não conseguem reconhecer seus bairros, devastados pelos bombardeamentos do governo sírio.

    “Minha casa ficava do lado do instituto, na rua Al-Qabun. Não consegui encontrar o instituto nem a rua”, lamenta a mulher, de 50 anos, que passou mais de 10 anos na localidade de Zamalka, em Ghuta Oriental.

    Em meados de fevereiro, as forças sírias pró-governo lançaram uma ofensiva para retomar as zonas rebeldes de Ghuta Oriental, provocando mais de 1.700 mortes e enormes destruições materiais.

    Os moradores, que haviam fugido dos combates, começaram a retornar ao território onde, nesta quinta-feira (12), o governo içou a sua bandeira, anunciando sua reconquista total.

    “O bairro está irreconhecível, não encontro nenhum dos principais pontos de referência”, declara Oum Mohammed, observando a paisagem de desolação que a rodeia.

    Ao longo das ruas invadidas por escombros e pedaços de metal retorcidos, se sucedem os edifícios residenciais convertidos em ruínas de cimento. Ali se pode ver um telhado derrubado e, mais além, um imóvel com as paredes caídas.

    – Desolação –

    Durante semanas, os bombardeamentos e tiros de artilharia das forças do governo esmagaram as localidades rebeldes.

    Ajudada por um soldado sírio, Oum Mohammed, que usa um grande casaco e esconde seu cabelo com um lenço castanho, sobe os montes de entulho, olhando uma casa, depois outra, e visitando vários edifícios, com a esperança de encontrar seu lar.

    “Arrisquei minha vida para voltar aqui. Não sairei antes de encontrar minha casa”, afirma. “Zamalka era um paraíso. Agora existem barricadas em todas as partes, todas as entradas estão com minas”.

    Na quarta-feira, centenas de pessoas esperavam impacientemente nos arredores de Ghuta que as autoridades retirassem os escombros das principais estradas de acesso a essa região, o antigo jardim de Damasco.

    Uma escavadora desmonta barricadas e retira sacos de terra para permitir a passagem dos habitantes e de um comboio de jornalistas, que participa de uma visita organizada pelas autoridades de Damasco.

    – ‘Sentar na minha casa’ –

    A espera não assusta Oum Rateb, que trouxe uma cadeira e um cobertor para se proteger do sol forte.

    “Vim sozinha para ver minha casa em Kafr Batna, sem saber se continuava de pé”, conta essa mulher de 65 anos. “Ainda que só reste terra, vou estender meu cobertor e sentar na minha casa”.

    Fouad Mahjoub teve que esperar horas com sua família antes de poder voltar para Ain Tarma para tentar encontrar sua casa e seu ateliê de costura.

    “Estou aqui desde as sete (horas) da manhã”, diz o homem, suado, enquanto desenha com um pedaço de madeira círculos no chão para passar o tempo.

    “Abandonei tudo o que tinha. Espero que a minha casa e o meu ateliê não tenham sido destruídos”, afirma.

    Mahjoub se emociona ao falar de sua neta, Khadija. “Tem seis anos e nunca viu a casa de seu avô. Não conhece Ain Tarma, somente viu fotos. Mas se voltarmos a morar aqui, recuperarei com ela o tempo perdido”. (Afp)

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