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    Chineses e europeus esboçam frente comum para salvar multilateralismo

    França, Alemanha e a Comissão Europeia sinalizaram, nesta terça-feira (26), uma parceria mais equilibrada entre a China e a Europa, com base na “confiança” e na “reciprocidade”, e se pronunciaram por um multilateralismo “renovado”, na ausência dos Estados Unidos.

    De acordo com a AFP, durante uma inédita mini-cúpula, e sem que o nome do presidente Donald Trump tenha sido citado uma única vez, Xi Jinping, Emmanuel Macron, Angela Merkel e Jean-Claude Juncker advertiram contra “as tensões comerciais” em um contexto de ofensivas em todos os níveis por parte do presidente americano, sobretudo, contra as importações chinesas.

    “Os atritos internacionais continuam a aumentar e são cada vez mais marcados por quedas de braço geopolíticas”, preocupou-se Xi Jinping após a reunião no Eliseu.

    Foi do presidente Macron a iniciativa desse encontro a quatro, que durou pouco mais de uma hora no Eliseu. O objetivo era apresentar uma frente europeia unida frente à China.

    A UE sente-se espremida entre Trump e a sua abordagem empresarial das relações internacionais, de um lado, e, de outro, a expansão chinesa encarnada pelo projeto de “novas rotas da seda” e os investimentos em massa no mundo e, em particular, na Europa. É o caso da Itália, último país a se deixar seduzir pela China.

    Falando no Palácio do Eliseu depois de conversas com Xi, Macron defendeu, na segunda-feira, “uma parceria sino-europeia forte, definida sobre bases claras, exigentes e ambiciosas”.

    “Temos divergências (…) Nenhum de nós é ingénuo”, ressaltou Macron nesta terça, pedindo à China que “respeite a unidade da União Europeia”, em um contexto no qual os investimentos de Pequim em certos países europeus provocam temores de divisões.

    “A cooperação traz mais benefícios do que a confrontação”, insistiu.

    – ‘Desconfiança’ –

    A resposta de Xi Jinping veio na forma de um pedido para superar a “desconfiança”.

    “Claro, há pontos de divergência, de competição, mas é uma competição positiva (…) Estamos avançando juntos”, completou.

    O presidente chinês não anunciou, porém, medidas concretas para tranquilizar os europeus, especialmente sobre as “novas rotas da seda”.

    É “um projeto muito importante”, e “nós, os europeus, queremos desempenhar um papel”, mas “isso deve levar à reciprocidade, e temos um pouco de dificuldade de encontrá-la”, declarou a chanceler alemã, Angela Merkel.

    “Eu queria (…) que as empresas europeias encontrassem o mesmo grau de abertura que as empresas chinesas na Europa. Total”, reforçou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que presidirá a próxima cúpula UE-China em 9 de abril, em Bruxelas.

    Os quatro dirigentes destacaram, em contrapartida, as convergências sobre a necessidade de uma “modernização” da Organização Mundial do Comércio (OMC).

    Desde a chegada de Donald Trump ao poder, Xi Jinping busca apresentar-se como um ator confiável no plano internacional. Em 2016, o líder comunista foi aplaudido no Fórum de Davos pela sua defesa do liberalismo económico mundial.

    A China investiu pelo menos 145 biliões de euros na Europa desde 2010, mas a tendência é de desaceleração, no momento em que vários Estados endurecem suas medidas para enquadrar as aquisições do gigante asiático.

    – Mobilização pelo clima –

    A visita de Xi a Paris foi marcada, na segunda-feira, por uma série de acordos e de contratos comerciais. O mais importante deles foi uma megaencomenda de 300 aviões – 290 Airbus A320 e 10 A350 – feita pela empresa estatal chinesa CASC (China Aviation Supplies Holding Company), no valor de US$ 35 bilhões ao preço de catálogo.

    Em uma declaração comum publicada na saída do encontro, Macron e Xi Jinping também prometeram ter um “papel de estímulo e de mobilização” contra o aquecimento climático e agirem juntos “para um salto mundial frente à erosão da biodiversidade”.

    Ambos se comprometeram a lutar “contra a criminalidade ambiental, em particular a caça ilegal e o tráfico de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção”, assim como contra a poluição causada pelo plástico.

    Em 2020, a China deve sediar uma conferência da ONU sobre a biodiversidade, a qual deve marcar uma etapa importante para a proteção do meio ambiente.

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