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    Cerca de 7.500 casos de “abortos inseguros” por ano em Cabo Verde, refere estudo

    D.R
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    Cerca de 7.500 abortos são feitos anualmente de forma insegura em Cabo Verde, segundo um estudo sobre o tema apresentado hoje na Cidade da Praia pela Associação Cabo-verdiana da Proteção da Família (VerdeFam).

    Segundo o consultor José Carlos dos Anjos, citado pela Inforpress, o estudo sobre aborto oficioso (clandestino) teve como primeiras preocupações perceber qual a dimensão, envergadura do fenómeno e dimensões sociológicas e antropológicas.

    “Podemos constatar no estudo que o volume e a proporção do aborto oficioso é muito maior do que se imagina. Calculamos que, embora os dados sejam difíceis de coletar, há sete vezes mais mulheres a abortar em casa, de forma insegura e com riscos para a saúde, do que as que o fazem nos serviços públicos do hospital”, indicou.

    Na opinião do consultor, o que parece “mais preocupante” no estudo é o facto de, “com muita frequência”, as mulheres, na sua maioria jovens, não recorrerem ao serviço público por causa da “violência hospitalar adicional”.

    “As mulheres são recebidas normalmente num corredor fortemente moralizado, que culpabiliza em antecipação, o que, além do trauma em si do ato do aborto, leva a que evitem um serviço público que poderia minimizar sequelas e até casos de morte por práticas inseguras”, explicou.

    José Carlos dos Anjos explicou a imprecisão dos dados sobre o aborto com a falta de registos “mais precisos” sobre os casos de mulheres que vão ao hospital e com a dificuldade de se ter acesso ao número de pessoas que fazem aborto e que não precisam depois de recorrer a serviços hospitalares.

    “Mas podemos perceber que o aborto oficioso é um grave problema de saúde pública que se relaciona com dimensões culturais da sociedade cabo-verdiana e que deve ser encarado de uma forma muito refletida e conjuntamente”, considerou.

    No estudo constata-se igualmente que, para abortar, as mulheres têm vindo a utilizar cada vez mais o medicamento Citotec, normalmente associado ao tratamento de úlceras.

    Segundo José Carlos dos Anjos, se o atendimento hospitalar depois do uso do Citotec fosse mais acolhedor e houvesse um serviço social e psicológico de acolhimento à mulher, poder-se-ia evitar um “impacto mais danoso” da prática do aborto na saúde da mulher, bem como a recorrência seguinte a ciclos abortivos.

    Concluiu-se igualmente que o aborto acontece após um tempo de “negociação” entre os parceiros, numa “sociedade de forte irresponsabilidade masculina” sobre a paternidade, ultrapassando, muitas vezes, o tempo legalmente previsto para a interrupção legal da gravidez.

    A nível mundial, estima-se que anualmente, morrem cerca de 67 mil mulheres em consequência da prática do aborto inseguro, metade das quais no continente africano.

    Segundo o Censo de 2010, as mulheres representam pouco mais de metade da população cabo-verdiana, estimada em 491 mil habitantes.

    (lusa.pt)

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