O papa Francisco canoniza este domingo, na praça São Pedro, no Vaticano, os três primeiros santos do pontificado – um italiano, uma colombiana e uma mexicana -, figuras sociais e missionárias, dando continuidade à escolha dos antecessores.
Um humilde sapateiro do século XV, originário de Otrante (no sul de Itália), Antonio Primaldo, será o primeiro santo do pontificado de Francisco.
Com 800 companheiros, no ano 1480 em Otrante, foi decapitado pelas tropas turcas por ter recusado converter-se ao Islão.
Anunciada já pelo papa João Paulo II, esta canonização não será muito bem vista pela mundo muçulmano, com o qual Francisco pretende manter boas relações.
Com ele, serão canonizadas a primeira santa colombiana, Laura de Santa Caterina de Siena Montoya e Upeguila, e a segunda mexicana, Maria Guadalupe Garcia Zavala.
As duas fundaram ordens religiosas e morreram no século passado.
A colombiana “Madre Laura” foi beatificada em 2004. Nascida em 1874 e morta em 1949, esta “advogada” dos povos indígenas fundou em 1914 a congregação das Missionárias de Maria Imaculada e Santa Catarina de Sienna, conhecidas como “missionárias lauritas”.
Esta congregação está presente, com mais de mil elementos, em 21 países da América Latina, África e Europa.
A religiosa mexicana, ou ‘Madre Lupita’, nasceu em 1878 e morreu em 1963, atravessando os anos da revolução anticlerical mexicana.
Com o padre Cipriano Iniguez, fundou a congregação das Servas de Santa Margarida-Maria e dos Pobres, dedicada aos doentes nos hospitais. Considerada santa após a morte, ‘Madre Lupit’ também foi beatificada em 2004.
O papa emérito Bento XVI confirmou estas canonizações a 11 de Fevereiro, no mesmo dia em que anunciou a decisão histórica de renunciar ao cargo.
Como todos os domingos, grandes multidões são esperadas na praça de São Pedro. Italianos do sul e latino-americanos a viver em Roma também devem estar presentes, numa atmosfera muito festiva. Milhares de colombianos e mexicanos devem chegar à capital italiana para a cerimónia.
Em dois meses de pontificado, Jorge Bergoglio insistiu, como os antecessores, na preservação da tradição católica, da qual faz parte a veneração dos santos. Sublinhou também a importância da piedade popular, numa preocupação de estar próximo da fé das pessoas simples.
Muito esperada é a possível canonização de João Paulo II. Algumas fontes afirmaram já que poderá acontecer a partir do outono, para assinalar o fim do “Ano da Fé”. Bento XVI já tinha acelerado o processo de beatificação do papa polaco.
A atitude de Francisco relativamente a outros dossiers é aguardada com curiosidade. As “virtudes heróicas” do papa do Concílio Vaticano II, Paulo VI, foram reconhecidas em Dezembro, no primeiro passo para a beatificação.
Em 2009, um decreto de Bento XVI elevou Pio XII, papa durante a Segunda Guerra Mundial, à categoria de “venerável”. A causa progride com lentidão, devido às críticas à atitude considerada demasiado passiva perante o Holocausto. Francisco ainda não mencionou este dossier.
João Paulo II canonizou, em 27 anos de pontificado, 482 pessoas, de todas as condições e origens.
Bento XVI canonizou 44 novos santos em oito anos de pontificado. (noticiasaominuto.com)