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    Censo Geral na Maianga

    Centenas de agentes e supervisores cartográficos do Instituto Nacional de Estatística (INE) começaram, no primeiro trimestre deste ano, a recolher os dados habitacionais da população. O objectivo, a par da actualização da carta cartográfica de Angola, é o de fazer um censo piloto, numa primeira fase, e em seguida, no próximo ano, o Recenseamento Geral da População e Habitação (RGPH). Em Luanda, o distrito urbano escolhido foi o da Maianga.
    Para a realização do trabalho de recolha de dados habitacionais, os 122 agentes recrutados a nível da província de Luanda fizeram uma formação específica sobre cartografia, dada por especialistas angolanos durante uma semana, no Instituto de Geodesia e Cartografia de Angola (IGCA).
    Na recolha de dados, que teve início no distrito urbano da Maianga, os jovens recrutados foram divididos em 22 brigadas compostas por cinco elementos e um supervisor. Além de serem transportados em viaturas com o logótipo do INE, têm ainda a identificá-los um cartão ao pescoço, as camisolas e coletes azuis escuro e chapéus a condizer. Esta identificação não é de somenos. É necessário que a população saiba exactamente quem são e como se distinguem.
    De segunda-feira a sábado, entre as 7h00 e as 15h30, munidos de primeiros socorros e instrumentos de localização GPS, as brigadas espalham-se por zonas delimitadas e os agentes percorrem bairros, comunas, ruelas. Casa a casa, perguntam pelo chefe de família, recolhem informações e fazem o registo.
    Até Junho, registaram cerca de 17 mil residências. Está por concluir o processo de recolha de dados nos bairros da Calemba, Mártires do Kifangondo, Cassenda, Maianga, Alvalade, Militar e Cassequel dos Buracos.
    Mas, nem tudo foi um mar de rosas. Nos primeiros dias houve bairros em que os agentes enfrentaram muitas dificuldades. Nos da Polícia e Calemba, foram quase impedidos de circular e chegaram mesmo a ser maltratados por alguns populares que presumiram que eles eram fiscais disfarçados.

    Colaboração

    Com calma e ponderação, os agentes fazem o seu trabalho e procuram agir com pedagogia. Antes de darem início à recolha de dados, explicam às pessoas em que consiste exactamente o trabalho que estão a levar a cabo e o tipo de colaboração de que necessitam por parte do responsável de cada casa.
    “Assim está bem. Estava a pensar que eram esses falsos fiscais que estão a manchar o bom trabalho do nosso Governo”, disse uma anciã, que já foi burlada por um suposto fiscal quando mandou pintar a parte exterior da parede do seu quintal.
    Leandro Gonçalves, um dos agentes cartográficos, disse ao Jornal de Angola que depois de ter iniciado o trabalho já passou em mais de 36 quarteirões e ultrapassou as 18 secções na área do Rocha Pinto. A população, garante, colaborou e tudo tem corrido tranquilamente. O mesmo não se tem passado com Terça Manuel, que se queixa de falta de cooperação por parte de algumas pessoas, que evitam fornecer-lhe as informações indispensáveis à recolha de dados e não permitem que se proceda à contagem das casas construídas num mesmo quintal.
    Com calma e paciência, sempre que surgem dificuldades deste tipo, Terça Manuel explica pormenorizadamente em que consiste o tipo de trabalho que está a fazer e a população acaba por aceitar colaborar.
    Osvaldo Betatela, supervisor de um dos grupos, disse que está satisfeito por fazer parte da equipa de agentes e que tem procurado explicar às populações da área em que trabalha a importância do trabalho que está a ser realizado.

    Reconhecimento

    António Punca, coordenador de bairro do sector 21 do Rocha Pinto, considerou o trabalho realizado pelos agentes cartográficos muito bom. “Isto é importante porque vai permitir saber ao certo quantos vivemos aqui. Agora é preciso que todos nós colaboremos. Já estou a falar com os moradores para darem todos os dados aos agentes”, referiu.
    Uma moradora do Rocha Pinto, Niza Cardoso, disse que teve conhecimento da realização do trabalho de recolha de dados por parte dos agentes cartográficos e que prestou todas as informações que lhe foram solicitadas. “Se é para o nosso bem, temos de dar essas informações. Vamos ajudar o Governo”, referiu.
    O coordenador da subcomissão de cartografia do Centro Nacional do Censo, afecto ao Instituto Nacional de Estatística (INE), Benjamin Afonso, reafirmou a necessidade da população participar e facilitar o trabalho dos agentes cartográficos, consubstanciado na recolha de dados para a actualização da carta cartográfica nacional, tendo em conta a realização do censo populacional e de habitação a ter lugar em 2013.
    Benjamin Afonso frisou que a participação e sensibilização da população é importante, para permitir que os agentes trabalhem sem dificuldades.
    Agora, os que trabalharam nas áreas já concluídas na Maianga vão fazer o mesmo serviço no município do Cazenga, onde desde o dia 1 de Junho começou o trabalho de recolha de dados habitacionais nos bairros do Grafanil, Dr. António Agostinho Neto, Madeira, Calwenda, Cariango e Vila For. Inácio Cabingano, coordenador provincial de Luanda para o Censo, disse que embora a população esteja a colaborar com os agentes cartográficos, ainda é visível por parte de muitas pessoas o receio em os receber. Do seu ponto de vista, um dos grandes problemas que os técnicos enfrentam é o facto de existirem ainda, embora em menor número, algumas pessoas que não estão devidamente esclarecidas sobre o trabalho a realizar por eles.
    José de Oliveira Bastos, administrador municipal adjunto do Cazenga para a Área Técnica, confirmou a presença dos agentes cartográficos no município e adiantou que para ter a garantia de que o processo de recolha de dados é bem sucedido está a trabalhar em conjunto com os ministérios do Planeamento, da Administração do Território e com os agentes do INE.
    Neste momento, frisou, os técnicos da administração trabalham também com os presidentes das comissões de moradores para sensibilização da população, “porque, hoje em dia, quando se faz alguma trabalho de registo, as pessoas ficam todas exaltadas, a pensar que vamos demolir casas ou que vamos correr com as pessoas dos seus bairros”. Os dados recolhidos em Luanda, explicou, também vão servir para que se realize, antes do censo geral, um censo piloto nas províncias de Cunene, Kuando-Kubango, Lunda-Norte, Namibe e Uíge.

    Remanescentes

    “É preciso que a população os ajude nesta tarefa para, no final, os recenseadores poderem ter à sua disposição todas as informações correctas para executarem a sua acção sem dificuldades. O trabalho deles é muito importante, porque são eles que municiam os dados para a realização do censo e para que, no final, possamos orgulhar-nos de termos feito um trabalho digno de realce”, reforçou Benjamim Afonso, que pediu aos coordenadores das comissões de moradores para acompanharem de perto o trabalho que está a ser feito, no sentido de se evitar que os técnicos sejam impedidos de trabalhar.
    O censo proporciona um quadro de informações completo e pormenorizado. Trata-se de uma operação estatística única, que permite contar e caracterizar todas as pessoas e todas as habitações existentes no país.

    FONTE: JA

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