Pelo menos 78 pessoas morreram em violentos combates nos últimos dias, entre militantes da milícia Talibã e as forças de segurança na província afegã do Nuristão, que faz fronteira com o Paquistão, afirmaram na quarta-feira as autoridades locais.
No mesmo dia, a polícia paquistanesa afirmou que mais de 200 militantes talibãs cruzaram a fronteira com o Afeganistão, atacaram vilas na província de Khyber Pakhtunkhwa e incendiaram uma escola.
Os ataques nos dois lados da fronteira aumentaram a tensão entre os vizinhos Afeganistão e Paquistão e os dois governos acusam-se mutuamente de falharem na repressão aos terroristas talibãs.
O governador do Nuristão, Jamaludin Badar, disse que 33 polícias da fronteira foram mortos em dois dias de confrontos e que 40 combatentes talibãs e cinco civis morreram depois de 150 rebeldes fortemente armados terem realizado um ataque, após saírem de bases na cidade de Chitral, no Paquistão.
Segundo o governante, dezenas de polícias continuam desaparecidos e o número de mortos pode aumentar. “As nossas forças lutaram até à última bala. Alguns dos postos estão no alto das montanhas e é muito difícil enviar munições, água e comida para esses lugares”, frisou.
As autoridades do Nuristão disseram que os combates começaram quando rebeldes paquistaneses e chechenos cruzaram a fronteira do lado do Paquistão para atacar postos de controlo da polícia, enquanto militantes talibãs atacaram pontos de controlo fronteiriço no distrito de Kamdesh, com metralhadoras e lança-granadas.
O grupo talibã negou o ataque desferido do Paquistão e afirmou que a operação foi conduzida por militantes no Afeganistão. Na terça-feira, o comandante das forças internacionais no Afeganistão, David Petraeus, disse que o foco da guerra no país está a mudar das áreas controladas pelo talibãs do sul para o leste, na fronteira com o Paquistão.
Reino Unido retira
cerca de mil militares
Entretanto, o Reino Unido vai retirar quase mil militares do Afeganistão até ao final do próximo ano, anunciou na quarta-feira, no Parlamento, o primeiro-ministro britânico, clarificando assim a dimensão da “modesta redução” das tropas britânicas no país asiático.
David Cameron informou que, para além da retirada prevista de 426 militares, até Fevereiro de 2012, vai ser possível acrescentar mais 500.
Segundo o chefe do governo, que regressou na terça-feira de uma visita a Cabul, no final do próximo ano permanecerão no Afeganistão cerca de nove mil militares britânicos.
Em jeito de balanço, recordou que “375 militares britânicos morreram em combate no Afeganistão e centenas foram feridos, para ajudar a endireitar aquele país e proteger a Grã-Bretanha de outro 7 de Julho”, referindo-se aos atentados de 2005, em Londres.
Em 2009, lembrou ainda, o seu antecessor Gordon Brown afirmou que três quartos das conspirações de atentados no Reino Unido tinham origem no Afeganistão e Paquistão. Actualmente, avançou, “este número é significativamente menor, graças ao enfraquecimento da Al Qaeda e à luta contra os talibãs”. David Cameron lembrou que o objectivo da operação no Afeganistão “nunca foi o de construir uma democracia perfeita e muito menos uma sociedade modelo”.
A prioridade, frisou, “foi sempre garantir a nossa segurança nacional, ao ajudar os afegãos a controlar a deles”, lembrando que até ao final de 2014 devem ser as forças afegãs a fazer as missões de patrulhamento e combate. “Entrámos numa nova fase, na qual as forças afegãs vão ter um papel maior nos combates e no patrulhamento e as nossas forças vão dar treino e assessoria”.
Além da retirada de tropas no próximo ano, saem no final deste ano 450 soldados dos 9.500 que o Reino Unido mantém no Afeganistão.
in JA