Centenas de pessoas manifestaram-se quarta-feira diante da embaixada dos Estados Unidos em Pretória, África do Sul, e pediram o fim da operação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Líbia.
Os manifestantes entregaram um memorando aos diplomatas norte-americanos no qual indicam que os bombardeamentos “mancham os esforços dos africanos para negociar uma solução pacífica para o conflito”. Os manifestantes também criticaram o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, por ter apoiado a resolução das Nações Unidas que autoriza a acção militar na Líbia.
O líder da Liga Juvenil do Congresso Nacional Africano (ANC), Julius Malema, também participou na manifestação e declarou que a África do Sul “devia saber que as potências imperialistas iam violar a zona de exclusão aérea”.
Julius Malema disse que “nunca devíamos votar esta resolução porque sabemos que a única linguagem que eles compreendem é a da guerra e das armas. Devíamos saber que eles haviam de ir além da zona de exclusão aérea e matar pessoas inocentes”, referiu.
A chefe da diplomacia sul-africana defendeu no mesmo dia que a União Africana precisa de um “espaço político” para ajudar a resolver a crise na Líbia.
Maite Nkoana-Mashabane afirmou que a União Africana “está no centro de qualquer solução na Líbia e não deve ser marginalizada nem desacreditada” e sublinhou que uma solução política é a única opção de saída da crise na Líbia.
Na terça-feira, o Presidente Jacob Zuma regressou da Rússia, onde ele e o homólogo russo, Dmitri Medvedev, discutiram a crise líbia.
O Presidente sul-africano advertiu a Aliança Atlântica contra o uso da força para assassinar o líder líbio e recordou que a resolução das Nações Unidas que autorizou a acção da Aliança Atlântica “era para proteger o povo líbio e não proceder a uma mudança de regime ou a um assassinato político”. Aviões da OTAN bombardearam tanques de combustível na cidade de Brega, um dos mais importantes portos líbios, cerca de 650 quilómetros a leste de Tripoli, informou ontem a televisão líbia.
A mesma fonte indicou que os tanques de combustível inflamaram-se e acusou a Aliança Atlântica de “atacar as capacidades e potencialidades do povo líbio”. A OTAN confirmou, num comunicado divulgado quarta-feira à noite, que os seus aviões realizaram um raide contra esta cidade petrolífera.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Líbia acusou a OTAN de intensificar os bombardeamentos no país para abrir caminho ao avanço dos rebeldes em direcção à capital.
Khaled Kaim, numa entrevista concedida ontem à Associated Press, disse que o aumento dos bombardeamentos por parte da OTAN representa a “fase final” da sua campanha aérea.
O responsável considera, contudo, que essa pressão vai fracassar e que os civis vão ser os únicos a pagar a factura.
Kaim assegurou que as forças do Governo líbio têm provas de que mercenários colombianos financiados pelo Ocidente e pelos seus aliados no Golfo Pérsico se juntaram aos rebeldes na tentativa de avançar sobre Tripoli a partir da cidade de Misrata.
in JA