A associação do nome do Presidente da República de Angola, João Lourenço, a uma notícia da cadeia de televisão portuguesa TVI sobre a apreensão de drogas num jato privado no Brasil, por alegado “lapsu linguae”, é um “acto gravíssimo e inamistoso”, considerou ontem, em Luanda, o docente universitário e analista político Belarmino Van-Dúnem.
Ao Jornal de Angola, em reacção ao pedido de desculpas feito horas depois por aquela cadeia de televisão lusa, Belarmino Van-Dúnem considerou “uma ofensa ao povo angolano, de uma forma geral, porque se trata do Presidente da República de Angola, e a matéria retratada na notícia em causa não tem nenhuma ligação com Angola, nem havia no alinhamento notícias sobre Angola, daí a gravidade do erro.”
“O transporte de droga envolve o Brasil e Portugal, portanto fica difícil compreender esse erro. O reparo, nesses casos, é sempre um pedido de desculpas, mas esse pedido de desculpas, nas mesmas condições em que o erro foi cometido, deve merecer também uma nota de repúdio por parte da Embaixada de Angola em Portugal e, se for necessário, exigir melhores explicações por parte da televisão em causa”, sustentou Belarmino Van-Dúnem. O académico considera que esse erro de edição deve ter consequências por parte de quem o cometeu. “Esse tipo de erros não deve ser aceitável em nenhuma situação”, acrescentou.
“A alusão ao Presidente angolano traduz um reflexo condicionado que associa sempre os governantes angolanos a maldades”, afirmou o director do website de informação generalista Correio Angolense. Segundo Graça Campos, Angola não se devia silenciar perante uma situação como a presente. “Está certo que dignitários do país são frequentemente associados à corrupção, roubalheira e outros males, mas, ao associar o nosso Presidente da República à droga, a TVI foi longe de mais. E até acho que, apesar do pedido de desculpas, Angola deveria processar a TVI. A desculpa atenua alguma coisa, mas não livraria a TVI de uma pastilha”, disse o jornalista.
A cadeia de televisão lusa, durante uma manhã do último fim-de-semana, deu grande destaque à notícia de que o Presidente angolano estava no manifesto de voo de um jato privado alvo de inspecção das autoridades judiciais brasileiras, que encontraram enormes quantidades de droga com destino a Portugal.
A cadeia de televisão lusa, horas depois, assumiu o que considerou “erro” e justificou o lapso com a alegada semelhança dos nomes João Loureiro, um homem de negócios ligado ao futebol português, e João Lourenço, Presidente de Angola.