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    Nos bastidores da comunicação social

    O último debate da TV Zimbo não constituíu um tema de muito interesse para os telespectadores e muito menos para quem acompanha os fenómenos sociais e políticos do país.

    Face ao actual contexto de crise que o país atravessa, o que mais interessa não é de facto, quem ganhou ou deixou de ganhar as batalhas que contarão um dia, quando visitarmos o museu das Forças Armadas. Os contendores da guerra são hoje pessoas de bem, que na Assembleia Nacional esgrimem as suas ideias políticas para o bem da Nação.

    O que para mim constitui matéria de muito interesse é o actual contexto de crise pandémica que vivemos, a exigir medidas difíceis de tomar, face ao inimigo invisível, que é a Covid 19.

    Quem ganhou ou deixou de ganhar nas diferentes batalhas, em que irmãos de um mesmo país se confrontaram pela posse do poder político, é neste contexto, irrelevante, porque nesta batalha da saúde, não surgiu ainda uma força capaz de combater o efeito surpresa com que ataca o inimigo invisível.

    Nem tão pouco sabemos quem será a próxima vítima, a baquear sob o efeito mortífero e imprevisível da sua arma secreta.

    A Covid 19 está a assustar nesta fase e os números, ainda que relativos estão a crescer e a causar apreensões.

    Portanto discutir agora quem ganhou ou não nas batalhas que ceifaram imensas vidas angolanas, destruiu um país rico em recursos humanos, minerais e atrasou em mais de 50 anos o seu desenvolvimento económico e social, não vem nada a propósito.

    Que me perdoem os mentores do debate, em que participaram figuras do nosso cenário político, não é de todo relevante para mim. O que será relevante e isso sim, é saber como será o futuro da Tv Zimbo, que está na mesa de discussão política, pelos motivos que todos conhecemos.

    E isso permite-me desde já adiantar e pedir a equipa que acompanha o caso e seja qual for a decisão a tomar pelo Governo, a não deixar cair um órgão de informação, que faz a diferença, no nosso débil e pouco eficiente cenário comunicacional do país, onde existem profissionais de competência reconhecida internacionalmente, mas sem os estímulos necessários ao bom desempenho da sua actividade.

    E por esse motivo vemos no país a imprensa estrangeira a dar cartas na divulgação da nossa realidade em tempo real de fazer inveja, a qualquer profissional que se preze.

    Infelizmente quem governa não se debruçou com propriedade e realismo a este importantíssimo sector, que é a comunicação social, que é também um instrumento do poder político, na divulgação dos seus projectos de governação e do ordenamento jurídico nacional.

    Assistimos impávidos e serenos ao desenrolar de ideias e lamentos de justificado valor racional, mas de nenhuma resolução prática que satisfaça os anseios, de quem se formou e tem como predilecção o exercício de uma profissão, que reconheço ser das mais belas e fascinantes do mundo, por estabelecer elos de ligação com a vida humana à face deste planeta Terra, onde lutamos todos os dias para sobreviver.

    Até hoje o Sindicato dos Jornalistas luta pela dignidade e direitos dos seus profissionais e membros, no que diz respeito ao trabalho, à profissionalização da actividade fora dos parâmetros políticos, a uma simples carteira profissional, que frenam a essência da arte de comunicar pela sua subserviência ao poder (político,entenda-se), que se julga ser a razão de tudo que se relacione com a condição humana.

    O jornalista é um profissional liberal, que actua no respeito à lei e à ordem, mas também é um elemento fundamental na defesa dos direitos do homem, da sua integridade social e económica e tem de ter um estatuto à medida das suas responsabilidades.

    Fica mal saber que até para comprar um simples computador e já agora, um smartphone, uma câmara de vídeo semi-profissional, um caça palavras, como se diz no Brasil e nós caucionamos, tenha de fazer uma novena à Muxima, a Santo António ou Santana e a outros santos protectores, a pedir que lhe venha a sorte de ter a sua “enxada” para produzir. O pronto pagamento que se pratica no comércio em Angola é um travão ao consumo e ao desenvolvimento, que tarda, mas o Governo vai ter de resolver.

    Fica mal saber que há profissionais ostracizados pelo poder político, segregados, como são casos concretos do jornalista João Chagas e outros que prefiro não mencionar, entregues às ordens do esquecimento.

    Fica mal saber que os jornais on line estejam a ser bloqueados na sua acção profissional, com limitações nas suas visualizações, para não terem direito à publicidade, ou serem deliberadamente discriminados pelas empresas e outras instituições, que escrutinam pela maldade a sua sorte e coartam a possibilidade de emprego a tantos profissionais que saem das escolas e institutos superiores, sem destino ocupacional definido.

    É mau para o país o clima divisionista que se vive na classe, onde surgem procedimentos e intrigas, com o propósito de dividir a classe e deixá-la órfã de uma dignidade profissional e técnica necessária para a sua contribuição no desenvolvimento do país, que é o que todo o angolano almeja, de alma e coração!

     

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