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    Woody Allen é acusado de abuso sexual pela filha adotiva às vésperas do Oscar

    (Foto de Thomas Samson/AFP/Arquivos)
    (Foto de Thomas Samson/AFP/Arquivos)

    Em plena temporada do Oscar, a filha adoptiva de Woody Allen acusou no sábado o cineasta de agressão sexual quando ela era uma criança, ao falar pela primeira vez publicamente sobre antigos boatos que o director sempre negou.

    Dylan Farrow, de 28 anos, que Woody Allen havia adoptado com a actriz Mia Farrow quando ambos estavam juntos, afirma em uma carta aberta publicada em um blog do jornal New York Times que sofreu abuso do pai adoptivo na casa da família com apenas sete anos de idade.

    Ela afirma que não conseguiu suportar que Allen tenha recebido o Globo de Ouro pelo conjunto da obra, nem suas últimas indicações ao Oscar. “Desta vez decidi não desmoronar”, afirmou.

    “Quando tinha sete anos, Woody Allen me pegou pela mão e me levou a um pequeno espaço mal iluminado do segundo andar de nossa casa. Ele disse para que eu deitasse com o estômago para baixo e brincasse com um trem eléctrico do meu irmão. Então ele me agrediu sexualmente”, afirma a jovem na carta aberta, difundida na noite de sábado.

    “Ele falava comigo enquanto fazia aquilo, murmurando que que eu era uma boa menina, que este era nosso segredo, prometendo que nós iríamos a Paris e que eu seria uma estrela do cinema”, completou Dylan Farrow.

    A jovem conta que conversou com a mãe sobre o ocorrido na ocasião.

    “Até onde me lembro, meu pai fez coisas comigo que eu não gostava”, acrescentou.

    A assessoria de Woody Allen, que no sábado à noite assistiu a um jogo de basquete dos Knicks, em Nova York, não esboçou reacção até agora.

    As suspeitas começaram em 1992, quando Mia Farrow acusou Woody Allen de ter agredido Dylan. As acusações foram apresentadas no momento em que a actriz estava em uma disputa intensa com o cineasta depois de ter descoberto que ele mantinha um relacionamento com outra filha, Soon-Yi Previn, que Mia havia adoptado com um ex-companheiro. Na época a jovem tinha 20 anos e em 1997, ela se casou com Allen, com quem está até hoje e tem dois filhos adoptivos.

    Uma investigação sobre as acusações foi aberta em Connecticut (estado onde a família vivia). Um promotor considerou que havia “razões suficientes” para processar Allen, mas se recusou por considerar que a jovem era “frágil demais”, uma decisão que rendeu muitas páginas nos jornais.

    O director, que nunca foi legalmente acusado, sempre negou ter agredido sexualmente Dylan Farrow e acusou Mia de ter “vergonhosamente manipulado crianças inocentes”.

    Em 1994, após três anos de batalha jurídica, um tribunal de Nova York retirou de Allen o direito de ver regularmente Dylan Farrow, que rejeitava suas visitas.

    Pessoas ligadas a Woody Allen, de 78 anos, não foram localizadas no sábado para comentar o tema.

    “Woody Allen nunca foi condenado por nenhum crime. Que ele tenha escapado do que fez comigo me atormentou enquanto eu crescia”, completa no texto Dylan Farrow, que acusa Hollywood de ter fechado os olhos para os fatos e de ter continuado a premiar o cineasta.

    As acusações contra o director de sucessos como “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, entre outros, voltaram no mês passado, logo após Allen receber o Globo de Ouro.

    Críticas a Hollywood

    “Eu me ausentei da homenagem a Woody Allen. Por acaso, mencionaram a parte em que uma mulher confirma publicamente que foi agredida por ele aos 7 anos, antes ou depois de ‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’?” (nr: Annie Hall, título original), escreveu no Twitter Ronan Farrow, de 26 anos, filho biológico de Allen e Mia Farrow, actualmente afastado do pai.

    Recentemente, a actriz levantou dúvidas sobre a paternidade do jovem, ao aventar a possibilidade de ele ter sido fruto de um relacionamento extraconjugal com o cantor Frank Sinatra, com quem a actriz foi casada no final dos anos 60.

    O caso Dylan manchou sua imagem, mas Allen mantém uma carreira que iniciou há mais de cinco décadas, com mais de 40 filmes, 24 indicações ao Oscar (três no mês passado com seu último filme, “Blue Jasmine”), quatro estatuetas da Academia e outros prémios.

    “Woody Allen nunca foi condenado por crime algum e que tenha escapado do que fez comigo me atormentou durante toda a minha juventude”, acrescentou na carta Dylan Farrow, que acusa Hollywood de ter fechado os olhos para os fatos e continuado a premiar o cineasta.

    “Hollywood aumentou meu tormento”, prosseguiu. “Todo mundo, à excepção de alguns (meus heróis), fechou os olhos”, insistiu.

    “Woody Allen é o exemplo vivo da forma como a nossa sociedade deprecia os sobreviventes de agressões e abusos sexuais”, acusou a jovem.

    Ela explicou ao jornalista que publicou a carta em seu blog que havia decidido quebrar o silêncio para esclarecer o ocorrido e incentivar outras vítimas de abusos.

    “Se não falasse, o lamentaria em meu leito de morte”, argumentou. (afp.com)

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