Quinta-feira, Maio 16, 2024
18.9 C
Lisboa
More

    Seca no Sul de Angola deixa milhares à fome e aumenta fuga à paternidade

    Mais de um milhão e 300 mil pessoas nas províncias angolanas do Cunene, Huila e Namibe fazem face à fome devido à pior seca na região dos últimos 40 anos, revela um estudo da rede de alertas à fome, a FEWS NET, nas siglas em inglês.

    A mesma fonte cita a chefe do Programa Alimentar Mundial em Angola, Michele Mussoni, quem disse que se assiste actualmente à migração de famílias para outras províncias e para a vizinha Namíbia à procura de água alimentos e pastagem para o gado.

    Estimativas indicam que a seca afecta 114 mil crianças com menos de cinco anos de idade, que estão a sofrer ou irão sofrer de má nutrição aguda.

    Por outro lado, a subida de preços e uma praga da gafanhotos agudizam ainda mais os efeitos da seca sobre as populações mais pobres.

    Entretanto há outras consequências dessa crise humanitária, como por exemplo, o aumento de casos de fuga à paternidade.

    Entre Janeiro e Setembro, as autoridades receberam perto de 450 denúncias de casos de fuga à paternidade vindas do meio rural e dos principais centros urbanos aqui agravada pelo alto custo de vida que afecta a maioria das famílias.

    O trabalho feito junto das comunidades para mitigar o fenómeno está a esbarrar na extrema pobreza no município de Caconda, segundo a directora local da Acção Social e Igualdade do Género.

    “O que tem acontecido é que nem o próprio pai tem emprego e conforme nós sabemos a seca que afectou a produção das populações está muito difícil acautelar essa situação”, afirma Rosária Afonso.

    Por outro lado, na circunscrição da Cacula a poligamia alimenta a fuga à paternidade, por que segundo Afonso, “alguns não assistem os filhos por terem mais uma outra relação ou mesmo terceira e não conseguem suportar a assistência a duas ou três casas”.

    No município da Matala, os militares lideram a lista da fuga à paternidade para a inquietação da responsável da secção local de Acção Social e Igualdade do Género.

    “Eles têm um número de família elevado com muitos filhos e não têm como suprir. A maioria dos funcionários foge das suas responsabilidades, mas os casos mais graves são os dos militares”, aponta Ana Mulangui.

    Para o professor Francisco Calumbi, que defende medidas públicas estruturadas acompanhadas de campanhas de sensibilização, a crise económica e social traduzida no alto custo de vida deixa as famílias em situação vulnerável.

    “Este é o momento em que as famílias se devem manter unidas e juntar forças no sentido de apoiarem uns aos outros para poderem num momento como este de crise amortecer este efeito”, defende Calumbi.

    O chefe de departamento do gabinete provincial de Acção Social e Igualdade do Género, Estêvão Chamuene, revela que existem outras preocupações que estão a abalar as famílias.

    “A violência psicológica com 29 casos fuga à paternidade, 13 casos violência física, 10 casos de violência patrimonial e sete casos e dois casos de abandono familiar”.

    A fuga à paternidade é manifestada no global pela falta de prestação de alimentos.

    Publicidade

    spot_img

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Excesso de capacidade na indústria siderúrgica da China se espalha para os mercados de exportação

    Uma investigação do Ministério do Comércio da Tailândia poderá ampliar as medidas anti-dumping contra bobinas de aço laminadas a...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema