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    Saurimo apaga velas de “cara nova”

    Se existem sonhos de que o povo de Saurimo mais quer ouvir falar, nessa época de pandemia e desaceleração económica quase global, estes são, seguramente, a melhoria da condição social e o aumento do investimento para a construção de infra-estruturas.

    A capital da província da Lunda Sul comemora esta quinta-feira (28) o 64º quarto aniversário desde a sua fundação, diante de duros desafios, mas com um factor que já começa a reanimar a população local: as infra-estruturas sociais aumentaram.

    A região, que ascendeu à categoria de cidade a 28 de Maio de 1956, com a designação de Henrique de Carvalho, apresenta nova imagem, com arruamentos, melhorias na iluminação pública e distribuição de água, bem como asfaltagem das vias.

    Um dos factores que está a dinamizar o desenvolvimento é a implementação do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), que vai permitir, brevemente, de acordo com as autoridades locais, a construção de escolas com 12 e 14 salas de aulas, além de passeios e lancis.

    No quadro da implementação desse programa do Governo angolano, já em curso em várias partes do país, serão ainda erguidas residências para técnicos de saúde e professores, balneários, asfaltadas e terraplanadas ruas terciárias, bem como reabilitados centros de saúde.

    Conforme o administrador municipal de Saurimo, Neves Romão, no quadro do PIIM estão inscritos 33 projectos, dos quais 24 validados e 12 pagos (já em execução).

    Segundo aquele gestor público, as obras estão avaliadas em mais de dois mil milhões de kwanzas e visam a melhoria das condições sociais básicas das populações.

    De acordo com o administrador, nos próximos dias serão inauguradas novas infra-estruturas, no âmbito das festividades, este ano mais simples, por causa da Covid-19.

    Assim, está prevista a inauguração de um lar de acolhimento e de moagens, na comuna do Mona Quimbundo, bem como de uma escola de 15 salas de aulas, no bairro Kawazanga.

    Serão ainda construídos dois sistemas de abastecimento de água, em Candembe, dois postos de transformação de energia, em Txizainga 2, e reinaugurado o Hospital Pediátrico.

    Investimento na Educação

    Actualmente, a cidade de Saurimo regista melhorias em vários domínios, sendo o da educação um dos mais relevantes. Fruto do investimento do Estado, o sector conta hoje com 123 escolas, das quais 107 públicas, 79 definitivas e 28 precárias, nove privadas e oito comparticipadas.

    Estão matriculados, no presente ano lectivo (suspenso temporariamente, por causa da Covid-19), um total de 153 mil 845 alunos, nos vários subsistemas de ensino.

    As aulas são asseguradas por mil e 508 docentes, número que tem contribuído para a inserção de crianças que se encontravam fora do sistema de ensino.

    O sector conta com duas unidades de ensino superior, designadamente Lueji A N’konde (pública) e Lusíadas (privada), e uma escola agrária, na comuna do Mona Quimbundo.

    A escola agrária, “cartão-de-visita” de Mona Quinbundo, comporta um edifício com cinco salas de aulas, laboratórios, sala de informática, biblioteca, sala polivalente para conferências e reuniões.

    Tem ainda um posto médico, instalações sanitárias, secretariado, gabinetes administrativos, refeitório, cozinha, lavandaria comunitária, jango, campos multiusos e oficina tecnológica.

    Conta também com aviário, estação de tratamento de água, dois blocos para tratamento de águas residuais, edifício para reparação de máquinas, dormitório e área para a prática da agricultura.

    Apesar dos ganhos, os munícipes solicitam a construção de mais infra-estruturas, principalmente habitacionais e espaços de lazer, bem como a criação de núcleos do ensino superior.

    Carla Waca, moradora em Saurimo há quase 18 anos, sugere a abertura de um núcleo de ensino superior, com cursos de medicina geral, ginecologia e cirurgia, para a formação de especialistas que possam trabalhar na região e ajudar a desenvolver a localidade.

    José Ferraz, por sua vez, admite que o município cresce em termos populacionais, mas tem ainda falta de infra-estruturas habitacionais e de energia eléctrica em alguns bairros.

    Sugere, por isso, a colocação de postos de iluminação pública e policiais nos bairros, a fim de se evitar assaltos à mão armada e roubos no período da noite.

    Melhorias na Saúde

    Se, por um lado, a população encoraja o reforço do investimento nesses domínios, por outro, há áreas, como a Saúde, que têm vindo a registar melhorias substanciais.

    Saurimo tem uma rede sanitária com 33 unidades hospitalares, uma das quais municipal.

    Tem também um Hospital Psiquiátrico, um centro materno-infantil, maternidade provincial e sete centros de saúde, perfazendo um total de 120 camas.

    O novo Hospital Geral de Saurimo já foi apetrechado e terá capacidade de internamento de 150 pacientes. O mesmo conta com três laboratórios, igual número de blocos operatórios, cinco unidades de cuidados internos e cinco unidades para Raio X.

    Dispõe de morgue, banco de sangue, seis salas de urgência, uma de conferências, cafetaria, vestiário para médicos e enfermeiros, gabinetes e parque de estacionamento.

    Conforme as autoridades locais, prevê-se, para breve, a abertura dos serviços de ortopedia, ginecologia, medicina geral, pediatria, cirurgia, obstetrícia, polivalente de extracção e consultas externas, além dos de maternidade com especialidade de neonatologia.

    Actualmente, o paludismo, as doenças diarreicas agudas, hipertensão arterial, sarna e outras negligenciadas constituem as patologias que mais preocupam as autoridades.

    Entretanto, não é só na Educação e Saúde que se registam novos ventos em Saurimo.

    A cidade conhece melhorias também no domínio do fornecimento de água e luz.

    Hoje, é abastecida pela energia eléctrica proveniente da Barragem de Chicapa e da Central Termoeléctrica do Txicumina, com 11,5 megawatts de potência instalada.

    Essa potência beneficia mais de 17 mil moradores da cidade, conforme dados das autoridades.

    Localizado no centro da região Leste, com pelo menos 530 mil habitantes, Saurimo recebe, igualmente, energia de duas centrais térmicas, com potência de 13 megawatts.

    Para aumentar a capacidade de fornecimento de energia eléctrica nesta localidade, está em fase de conclusão a construção de duas centrais térmicas, nos bairros Txicumina e Nhama, com capacidade de 19.6 e 20 megawatts, respectivamente.

    Quanto à água, Saurimo tem 36 sistemas de abastecimento, que beneficiam pelo menos 77.140 habitantes, e um fornecimento a partir da Estação de Tratamento, com produção de um milhão e mil e 239 metros cúbicos, para cinco mil 880 consumidores.

    Agricultura

    A agricultura é uma das áreas em que a cidade de Saurimo ainda tem muitos furos abaixo, apesar da determinação das autoridades de investir no sector.

    O governo local e parceiros têm apostado no fomento da cultura do arroz, tendo lançado, este ano, um projecto (em fase experimental), na comuna do Mona-Quimbundo.

    O projecto, com financiamento do Japão, em coordenação com o Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), prevê a colheita de quatro toneladas deste cereal.

    Sob a égide da Associação Mona Quimbundo, criada em 2019, tem uma área de cultivo de dois mil hectares, voltada essencialmente à produção de arroz.

    Numa primeira fase, foram colhidas três toneladas, numa extensão de dois hectares.

    Segundo os promotores do projecto, a iniciativa vai continuar até abranger as comunas que compõem Saurimo (Mona Quinbundo e Sombo), envolvendo pelo menos 30 associações de camponeses, a maioria com dificuldades para fazer o escoamento dos seus produtos, devido à falta de transportes.

    O projecto está a ser assegurado, numa primeira fase, por 60 famílias, dos bairros Sete e Muculucusso.

    Conforme o administrador local, Neves Romão, os técnicos da administração que dirige têm mantido encontros de sensibilização e de incentivo à prática agrícola para todos os actores do campo, bem como distribuído sementes de feijão, bata rena e milho.

    A ideia das autoridades locais é alternar esses produtos com a mandioca (principal cultura da região), numa altura em que o país procura mecanismos para relançar o sector económico, fortemente comprometido desde a implantação da crise económica, em 2014.

    Apesar das dificuldades, agora agudizadas pela pandemia da Covid-19, o povo e o governo de Saurimo lutam para fazer da agricultura a sua principal “arma”, na estratégia de diversificação económica do país, que muito precisa da força do campo.

    Perfil de Saurimo

    Saurimo, com mais de 530 mil habitantes, foi a capital da província da Lunda, dividida em duas (Lunda Norte e Lunda Sul), em 1978.

    É limitado a Norte pelos municípios de Lucapa e Cambulo, a Este pela República Democrática do Congo, a Sul pelo município de Dala e a Oeste pelos municípios de Cacolo e Lubalo.

    Abarca as comunas de Saurimo, Mona-Quimbundo e Sombo, 140 aldeias (das quais 61 já unificadas) e 16 povoações.

    Rico em minérios, designadamente diamantes, manganês, ferro e madeira, tem uma população maioritariamente da etnia Côkwe, por sinal a língua nacional mais falada localmente.

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    FonteAngop

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