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    Remessas de emigrantes para Cabo Verde atingem níveis recorde

    A cada ano que passa, as remessas dos emigrantes para os seus países atingem valores recorde. Cabo Verde é um dos países africanos que mais beneficia dessas transferências de dinheiro.

    Segundo um estudo publicado pelo Banco Mundial em Abril, citado pela DW, mais de 430 mil milhões de dólares norte-americanos foram transferidos em 2018 por emigrantes para os seus países de origem. Países asiáticos muito populosos, como a China e a Índia, são os que mais remessas recebem, mas o continente africano também beneficia bastante, com destaque para pequenos países com altos índices de emigração, como as ilhas Comores, o Lesoto e Cabo Verde.

    Cabo Verde: aumento em flecha das remessas

    Cabo Verde é, de facto, um dos países que mais depende financeiramente das remessas dos seus emigrantes, residentes em Portugal, França, Holanda ou nos Estados Unidos da América. Os últimos números disponibilizados pelo Banco de Cabo Verde apontam para mais de 21 mil milhões de escudos cabo-verdianos (o equivalente a cerca de 190 milhões de euros), uma soma considerável tendo em conta que Cabo Verde é um países com menos de meio milhão de habitantes.

    Segundo o Banco de Cabo Verde, em 2018, o volume das remessas registou um aumento de 6% em relação ao ano anterior, tendência que se verifica há vários anos.

    A importância das remessas para a economia do país também tem vindo a aumentar, como refere o economista cabo-verdiano, Paulino Dias, em entrevista à DW: “As remessas de emigrantes aqui em Cabo Verde cumprem grandes funções para a estabilidade da economia e até para o crescimento. A primeira função é alimentar o consumo, sobretudo das famílias receptoras das remessas. Um outro papel importante é o investimento directo dos emigrantes nas suas comunidades de origem. Quer, por exemplo, através do investimento directo em habitações, quer através do investimento produtivo.”

    Cabo Verde não é um caso isolado

    O que se verifica em Cabo Verde é constatado também noutros países africanos e um pouco por todo o mundo, confirma o Banco Mundial.

    Num estudo em grande parte financiado pelo Governo alemão e lançado em Abril, os peritos do Banco Mundial referem que nunca antes na história foram transferidas somas tão grandes por pessoas que vivem fora do seu país de origem: em 2018, foram oficialmente 430 mil milhões de dólares. Os países da África subsaariana terão recebido 46 mil milhões de dólares.

    No ano corrente, os emigrantes africanos deverão transferir mais de 50 mil milhões de dólares em remessas para os seus amigos e familiares nos países de origem, refere Dilip Ratha, o chefe da “Migration and Remittances Unit”, a secção do Banco Mundial que se ocupa de questões ligadas às migrações e remessas.

    “430 mil milhões de dólares em remessas a nível mundial – esse é apenas o valor oficial. A verdadeira dimensão das remessas é, provavelmente, três vezes maior”, afirma. “Mesmo se fossem apenas 400 mil milhões de dólares, esse valor seria três vezes maior do que o valor do apoio ao desenvolvimento disponibilizado a nível global. Estamos, portanto, a falar de valores astronómicos.”

    Dilip Ratha, de nacionalidade indiana, confirma ainda o impacto que as remessas têm para as famílias que as recebem: “As remessas são autênticos planos de poupança reforma para pessoas pobres em países pobres.”

    “O dinheiro beneficia as pessoas directamente, não tendo de passar por instâncias estatais burocráticas”, acrescenta Ratha. “Essas somas são usadas de forma muito eficiente em áreas importantes como a educação, pequenos negócios, saúde ou para despesas extraordinárias, como casamentos ou funerais. As remessas são extremamente importantes, sobretudo de um ponto de vista humano.”

    Perigos: altas taxas, lavagem de dinheiro, apoio ao terrorismo

    Os peritos do Banco Mundial chamam, no entanto, a atenção para alguns problemas ligados às remessas, incluindo as altas taxas para o envio de dinheiro, praticadas tanto por bancos, como por agências como a Western Union ou a MoneyGram, que podem ascender a 10% da quantia enviada.

    O Banco mundial quer que o sistema seja mais transparente e eficaz e que as taxas, em média, não ultrapassem os 3% do valor das quantias enviadas. Os peritos dizem ainda que em África, e um pouco por todo o mundo, têm vindo a surgir formas alternativas, mais simples, de transferir dinheiro. Exemplo disso seria o denominado “mobile money”, que facilita transacções financeiras por mensagens SMS, através do telemóvel. Esses novos métodos podem funcionar como uma boa alternativa, mas deve-se assegurar que não contribuam para mais falta de transparência, alertam os peritos do Banco Mundial.

    Outro problema é o perigo de que as transferências, sobretudo as informais, inclusive as que são feitas através de envelopes, possam vir a ser utilizadas por grupos criminosos, como traficantes de droga e armamento, ou terroristas.

    O economista cabo-verdiano Paulino Dias confirma que o perigo existe: “O risco existe sempre. Não seria prudente afirmar que, em Cabo Verde, não existe esse problema. O que se pode dizer é que o Governo de Cabo Verde tem investido bastante em termos de prevenção desse tipo de risco, para que haja uma maior transparência nas remessas dos emigrantes, mas que sejam processadas de uma forma segura, numa base legal, e com impacto positivo sobre a economia”, conclui o economista cabo-verdiano.

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