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    Reino Unido espera que “Brexit” favoreça parceiros africanos

    Reino Unido diz que será possível proteger interesses de parceiros e estabelecer política comercial mais justa com África. Analistas consideram que crise provocada pela pandemia e pelo “Brexit” pode frustrar expectativa.

    Governo da Grã-Bretanha adotou um discurso otimista perante os países africanos após o “Brexit” – a sua saída da União Europeia (UE). As relações comerciais entre África e Reino Unido, de um modo geral, não sofrerão dificuldades expressivas nesta nova era da economia britânica. Pelo contrário, Londres afirma que a Grã-Bretanha poderá aumentar os seus investimentos no continente africano.

    Na sequência da última cimeira anual Reino Unidos-África, a Grã Bretanha anunciou investimentos de mais de 7 mil milhões de euros. O objetivo seria recuperar boa parte da importância comercial que os britânicos tinham nos tempos do império colonial.

    O professor alemão Dirk Kohnert, que há anos estuda o assunto, mostra-se, no entanto, bastante cético quanto à possibilidade da Grã-Bretanha vir a cumprir o que prometera na última cimeira com os países africanos

    “A crise económica na sequência da pandemia de corona, assim como as próprias consequências do “Brexit”, dificultarão que a Grã-Bretanha cumpra as suas generosas promessas”, explica.

    Irão países africanos beneficiar de acordos comerciais bilaterais com o Reino Unido?
    (DR)

    Como fica a Commonwealth
    O professor alemão Rolf Langhammer, perito em Comércio Internacional, concorda com o colega: “A crise contribuirá para uma acentuada diminuição das importações britânicas, e isso não deixará de ter consequências também em África.”

    Para a maioria dos países africanos que fazem parte da comunidade anglófona “Commonwealth” – que inclui 19 dos 54 estados africanos – o Reino Unido é de longe o maior mercado para suas exportações.

    Londres argumenta que a sua nova política comercial protegerá melhor os interesses de todos os países africanos – não apenas os anglófonos. Também afirma que a política comercial britânica com África deve ser mais justa do que a da União Europeia.

    Segundo Melanie Hoffmann, especialista em alfândega da agência de comércio exterior alemã GTAI, de fato, ao deixar a UE, os britânicos poderiam negociar seus próprios acordos de livre comércio e, assim, pelo menos teoricamente, adaptarem-se melhor aos interesses do respetivo país parceiro.

    Alguns desses acordos comerciais anglo-africanos já entraram em vigor em 1 de Janeiro.
    (DR)

    Novos acordos
    Alguns desses acordos comerciais anglo-africanos já entraram em vigor em 1 de janeiro. Mas estes acordos não são contratos com regras completamente diferentes. Pelo contrário, os britânicos simplesmente adotaram os acordos existentes com a UE para certos grupos de países africanos, convertendo-os em acordos bilaterais entre o Reino Unido e os respectivos Estados africanos.

    “Um exemplo é o acordo de parceria econômica com alguns países da África oriental e meridional, como Madagascar, Ilhas Maurícias, Seychelles e Zimbábue, África do Sul, Botswana, Namíbia e Moçambique. Nestes casos, os regulamentos já em vigor com a UE foram transferidos para a Grã-Bretanha.

    Hoffmann acrescenta que o Reino Unido ainda está a negociar um acordo de parceria econômica semelhante com o Gana.

    Um problema em relação ao “Brexit” é atualmente a Nigéria. Segundo Kohnert, até agora, não foi concluído qualquer novo acordo comercial como este que é o país mais populoso do continente.

    “Mais cedo ou mais tarde a Grã-Bretanha e a Nigéria chegarão a um acordo comercial bilateral. Alguns nigerianos ricos até sairão beneficiados com o “Brexit”. Os pobres, por outro lado, provavelmente vão sofrer”, opina.

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