O primeiro-ministro David Cameron fez um apelo nesta sexta-feira (07) para que todos os britânicos ajudem a convencer os escoceses a rejeitar a separação do Reino Unido. O pedido é feito a sete meses de um referendo crucial para a região. Para o primeiro ministro, perder a Escócia seria como “atirar no próprio pé”.
Em um discurso realizado no parque olímpico de Stratford, em Londres, Cameron evocou suas próprias raízes escocesas para falar sobre a importância da Escócia para a Grã-Bretanha, lembrando que faltam apenas sete meses para o referendo que pode decidir a permanência do país no bloco. “Pensem em tudo o que já fizemos juntos”, disse, evocando o “time GB”, a equipe olímpica britânica que teve um grande desempenho nos Jogos Olímpicos de 2012. Na ocasião, o Reino Unido terminou a competição em 3° lugar, com o total de 65 medalhas, das quais 14 foram conquistadas por atletas escoceses.
“Se perdermos a Escócia, será como atirar no próprio pé”, insistiu o primeiro ministro. “Vocês não podem votar, mas têm voz neste capítulo [da história da Grã-Bretanha]. Os que votam são nossos amigos, nossos vizinhos e membros das nossas famílias. Vocês têm influência. Utilizem seus telefones, reúnam-se, enviem e-mails e atravez do Twitter, conversem”, reforçou.
Cameron também lembrou que, caso a separação ocorra, a união monetária entre a Escócia e o resto da Grã-Bretanha – uma das principais bandeiras levantadas pelo movimento separatista – estaria em jogo. ”Acho que seria muito difícil fazer uma união entre a Escócia independente e o resto do Reino Unido”, disse.
O primeiro-ministro escocês, Alex Salmond, um dos grandes defensores do movimento independentista, criticou o apelo de Cameron, acusando-o de “politizar” os Jogos Olímpicos. O dirigente também criticou o fato de que o primeiro ministro fez seu discurso em Londres, ao invés de ir até a Escócia debater a questão.
Referendo pela independência
As últimas pesquisas de opinião mostram uma progressão do “sim” pela independência da Escócia, um projecto defendido especialmente pelo Partido Nacional Escocês (SNP), mas duramente combatido pelos três principais partidos britânicos. A maioria dos escoceses, no entanto, optariam hoje pelo “não”: 52% dos eleitores seriam contra a independência, e 34% a favor. Caso seja aprovada, a separação deve ser realizada em Março de 2016.
Desde a vitória no referendo de 1997, Edimburgo é autónoma nas questões de educação, saúde, meio ambiente e justiça. Já os assuntos de política externa e defesa ainda são administrados por Londres. (rfi.fr)