(REUTERS/Gleb Garanich)
A chanceler alemã, Angela Merkel, considerou “inaceitáveis” as afirmações da subsecretária de Estado americana, Victoria Nuland, sobre o papel da União Europeia na crise na Ucrânia, em conversa telefónica que vazou na internet. No diálogo, Nuland se refere com desdém à UE. Após a publicação da conversa, ela pediu desculpas junto aos europeus.
Em um diálogo por telefone com o embaixador americano em Kiev, Geoff Pyatt, Nuland afirma que a ONU está a ponto de nomear o ex-embaixador holandês em Kiev Robert Serry como representante das Nações Unidas na Ucrânia. Ela então comentou, em uma aparente referência às divergências entre Washington e UE a respeito do tema: “Isto seria fantástico para ajudar a resolver tudo isto, que a ONU resolva e, sabe, que se f… a UE”.
A chanceler alemã considerou “inaceitáveis” os comentários da subsecretária de Estado americana, segundo um porta-voz. Ele acrescentou que, para Merkel, a comissária de Relações Exteriores da União Europeia, Catherine Ashton, “faz um trabalho excelente”.
“A União Europeia prosseguirá com os intensos esforços para acalmar as coisas na Ucrânia”, completou Merkel, citada pelo porta-voz.
Momento delicado
O governo dos Estados Unidos tentava minimizar nesta sexta-feira (7) as consequências da conversa telefónica, que vazou em um vídeo no YouTube. O caso poderia dividir os aliados em plena crise política na Ucrânia.
Washington e Bruxelas estão em um ponto de paralisia diplomática entre Kiev e a aliada Moscovo. A crise ucraniana teve início em Novembro, com protestos nas ruas depois que o presidente Viktor Yanukovitch rejeitou um acordo com a UE, em troca de vínculos mais estreitos com a Rússia.
Ontem, após a saia-justa, Nuland pediu desculpas aos europeus. A americana “esteve em contacto com seus homólogos europeus e, claro, desculpou-se”, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki. Nesta sexta, em Kiev, Nuland declarou que “não faria comentários sobre uma conversa diplomática privada”.
Já Catherine Ashton preferiu não se envolver na polémica. “Não comentamos os vazamentos de supostas conversas telefónicas”, afirmou a porta-voz da chefe da diplomacia da União Europeia. “A UE está comprometida em ajudar o povo ucraniano na actual crise política”, completou.
Rússia por trás do vazamento
A Rússia não reagiu oficialmente ao incidente. Para o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, o fato de o vídeo ter sido colocado em uma rede social pelo governo russo “diz algo sobre o papel da Rússia” nos fatos. O embaraçoso incidente diplomático acontece pouco antes de Yanukovitch se reunir com o presidente Vladimir Putin para tratar sobre a situação no país, nesta sexta, à margem da abertura dos Jogos de Inverno de Sochi.
Em Dezembro, Putin prometeu a Yanukovitch um crédito de 15 bilhões de dólares, mas na semana passada afirmou que a maior parte da quantia não será repassada até a formação de um novo governo em Kiev. Até agora, Moscovo liberou apenas três bilhões de dólares para a Ucrânia. (rfi.fr)
