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    Recessão atinge Angola a doer

    A previsão foi feita pelo deputado do MPLA e economista Manuel Nunes Júnior quando dissertava o tema “A actual crise na zona euro e as repercussões nas relações económicas internacionais”, nas VI Jornadas Parlamentares do MPLA, que decorreram em Catete, município do Icolo e Bengo, província de Luanda.

    O político fundamentou que “Europa é uma parte da economia mundial muito importante para falhar, dado o nível das relações comerciais que tem com todos os países. Com a recessão estima-se uma quebra na produção na ordem de dois por cento”.

    Se se confirmar esta previsão, continuou, as consequências para as economias de países como Angola serão drásticas, porque vai diminuir a procura por produtos importantes como o petróleo, levando a queda do seu preço e, devido a dependência da economia angolana deste produto, a diminuição das receitas fiscais.

    Perante este cenário, de acordo com Manuel Júnior, haverá deficit no orçamento e no pagamento das dívidas.

    O economista avançou que para minimizar a situação deve-se apostar na diversificação da economia.

    “Angola não pode ficar 85% dependente dos recursos tributários do petróleo”, alertou.

    “Temos de fazer tudo para que sejamos mais autónomos, devendose investir na agricultura, indústria transformadora e noutros sectores que nos levem a ser menos vulneráveis a choques externos”, apontou.

    Fazendo uma abordagem geral do tema, Manuel Júnior disse que a Europa atravessa uma crise profunda, não por causa do problema dos défices e das dívidas, mas porque o euro foi criado numa altura em que não estavam criadas as condições necessárias para o efeito.

    Referiu que, embora a Europa esteja cada vez mais integrada, do ponto de vista económico, ainda não atingiu a integração fiscal e os trabalhadores dos vários países que a compõem não circulam livremente, divido a barreiras culturais e linguísticas, estando aqui a origem na crise.

    Na sua visão, a existência de um uma moeda única em tais circunstâncias constituiu uma grande dificuldade porque tira a flexibilidade a estes países para fazer face a situações adversas, como esta.

    Lembrou que o acordo alcançado a 27 de Outubro não resolveu o problema da crise do euro, sobretudo pelo facto de não se ter conseguido aumentar o fundo europeu de estabilização.

    Mais recentemente, o outro acordo alçando na cimeira do dia 9 de Dezembro não conseguiu acalmar os mercados que continuam agitados, porque definiu medidas que serão aplicadas a médio e a longo prazo e não imediatamente.

    Manuel Júnior manifestou-se convicto que os receios dos investidores sobre a evolução dos mercados certamente retornarão, as taxas de juros vão subir e os bancos continuarão a ter problemas de tesouraria.

    “Este acordo, o quarto deste ano, para salvar o euro, certamente não será o último. A grande questão é que uma falha nesta altura significará um golpe irreversível que se traduzirá num colapso do Euro que causará uma crise profunda pior do que a verificada em 2008/2009”, asseverou.

    Pontualizou que a recessão levará ao aumento de défice orçamentais, das dívidas, bem como do aumento dos protestos populares pelas medidas de austeridade e de reformas que estão a ser levadas a cabo em todo o mundo. Segundo Nunes Júnior, a solução passa por um pronunciamento nos próximos dias do Banco Central Europeu sobre as medidas adequadas para salvar o ocidente.

    Por outro lado, vê na China um possível “salvador da Europa” já que, como disse, estão em curso negociações para que o país asiático, que possui um superavit fiscal muito alto, financie o fundo de estabilização Europa.

    Deputados procuram anestésico

    O presidente do Grupo Parlamentar do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira, apelou aos deputados a prestarem o seu contributo nas jornadas parlamentares de forma a ajudarem o Executivo a encontrar caminhos para “anestesiar os efeitos perversos da crise”.

    Para o presidente da bancada, os efeitos desta situação apontam para um colapso e, por isso, “estamos preocupados em perceber como pode tocar, de modo negativo, nas economias dos países emergentes”.

    já no aspecto remuneratório dos deputados que também esteve em discussão, Fontes Pereira defende que “partilhar as preocupações ligadas à situação social dos parlamentares quer desta legislatura, quer das anteriores e das próximas”.

    Entretanto, a este respeito o deputado do MPLA Julião Mateus Paulo “Dino Matrosss” considerou que a situação remuneratória dos deputados, apesar de conferir mais dignidade aos parlamentares, deve ter em conta a situação da população, de um modo geral.

    “Nem tudo o que se propõe é para ser aceite, mas sim aquilo que é razoável e que tem a ver com o momento que estamos a viver”, sublinhou, lembrando que a crise económica nos países desenvolvidos obrigou o corte de alguns subsídios, o que considera uma medida ajustada à realidade actual.

    Por seu turno, o presidente da Comissão de Economia e Finanças do parlamento, Diógenes de Oliveira, referiu que há direitos, deveres e obrigações que devem ser passados em revista.

    “Não deve ser entendida como sendo a luta dos deputados por mais regalias, mas sim por um estatuto que dê estabilidade e permita aos deputados exercerem a sua actividade sem sobressaltos”, frisou.

    Referiu que são questões que devem ser vistas com maturidade e serenidade, com a certeza, porém, de que se os deputados tiverem alguma estabilidade “dentro da nossa realidade” poderão também melhorar a sua performance no trabalho a favor daqueles que confiaram neles o voto.

     

    Fonte: O País

    Foto: O País

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