As tentativas de manifestação e detenções marcaram o dia em que Angola assinalou 45 anos da independência. Os protestos pretendiam exigir melhores condições de vida e uma data para as primeiras eleições autárquicas.
A polícia angolana impediu as manifestações em Luanda e foi usado gás lacrimogéneo. Houve confrontos entre as autoridades e os jovens que tentavam protestar.
Há relato de feridos, nomeadamente do activista Nito Alves, um dos membros do grupo de jovens revolucionários conhecido por 15+2, detidos e julgados em 2017. Há, ainda, testemunhos de detenção de vários manifestantes.
O activista Luaty Beirão recebeu ordem de detenção pela polícia quando transmitia em directo, pelo Facebook, a caminhada para uma das manifestações em Luanda.
A agência Lusa conta que o correspondente da Reuters em Angola, Lee Bogotá, foi agredido pela polícia e viu o seu material de trabalho destruído.
Veríssimo Miranda, actualmente desempregado, foi um dos manifestantes que saiu à rua em Luanda e sublinhou à agência Lusa que “Angola não está bem”.
Ainda de acordo com a Lusa, o porta-voz do comando provincial de Luanda da Polícia Nacional, Nestor Goubel, não confirmou a existência de detidos, remetendo para mais tarde um pronunciamento das autoridades e falando em “desrespeito total até da própria data da independência e do decreto Presidencial”.
Esta quarta-feira, Angola assinalou os 45 anos da independência e foi convocada uma manifestação para exigir melhores condições de vida e que seja apontada uma data para as primeiras eleições autárquicas.
O Governo da Província de Luanda proibiu a manifestação, nomeadamente devido ao não cumprimento do Decreto Presidencial sobre o estado de calamidade pública, que impede ajuntamentos de mais de cinco pessoas nas ruas, como medida de prevenção e combate à propagação da covid-19.
Para marcar os 45 anos da independência, o Presidente angolano, João Lourenço, inaugurou o Hotel Intercontinental Luanda Miramar, onde garantiu estar a trabalhar para atrair investimento estrangeiro.
Na terça-feira, João Lourenço criticou quem está a tirar proveito político da actual situação mundial, “que não foi criada pela boa ou má actuação dos governos”, lembrando que as medidas adoptadas se destinam a salvar vidas.