A exposição colectiva do projecto Coopearte, organizada anualmente pela galeria Celamar, em Luanda, vai ser inaugurada dia 21, na Ilha de Luanda, e simultaneamente na província do Huambo.
A novidade desta edição é a formação de um núcleo na província do Huambo, onde parte da mostra vai estar patente na Biblioteca Constantino Kamoly. “Chegou o momento do projecto expandir-se, revelando talentos também fora do contexto de Luanda”, ressaltou Marcela Costa, coordenadora do projecto.
Com o patrocínio oficial da Fundação Arte e Cultura, a oitava edição do Coopearte congrega 70 artistas entre nacionais e estrangeiros, abrindo espaço para a troca de experiências nos vários domínios da expressão artística, permitindo maior expansão das artes produzidas em Angola.
Durante três meses, os artistas juntam-se na galeria Celamar, onde passam a elaborar as suas criações, no domínio da pintura, escultura, cerâmica e tecelagem.
Segundo Marcela Costa, o tempo que os artistas passam juntos a trabalhar no mesmo local permite a troca de técnicas, experiências e contactos. “Trata-se de um momento rico para os participantes e para o cenário das artes em Angola”, disse Marcela Costa, que se dedica à tecelagem artística.
Este formato, no dizer da coordenadora, permite que manifestações artísticas ganhem destaque, facilitando o surgimento de novos valores que, por sua vez, enriquecem os criadores profissionais e amadores. Além de artistas profissionais e amadores, o universo de participantes inclui diplomatas, empresários e turistas de países como Venezuela, Portugal, Cuba, Rússia, França, Brasil, dentre outros, que buscam nas artes um meio de interacção com a sociedade angolana.
A exposição decorre até ao dia 15 de Novembro. Michal Goren, directora da Fundação Arte e Cultura, entidade que patrocina o evento desde a sua quarta edição, disse que o Coopearte abre espaço no país para o aprimoramento dos criadores e a satisfação dos apreciadores e coleccionadores locais e estrangeiros com a produção dos trabalhos.
Segundo Michal Goren, a Fundação Arte e Cultura, na qualidade de patrocinador oficial, tem contribuído activamente para a promoção da cultura angolana nos seus mais variados aspectos.
“O seu envolvimento passa por projectos ligados à criação de novos talentos juvenis através da educação para as artes, pela projecção de artistas desconhecidos e a manutenção e valorização de representantes que contribuem para o rico património cultural nacional nos domínios da dança, música, artes plásticas, teatro e formação para a cidadania”, disseo director da Fundação, Michal Goren.
O projecto, que serve de laboratório para o surgimento de novas tendências no campo das artes plásticas, é também patrocinado pelo Ministério da Cultura e pelo Banco de Fomento de Angola.
Esculturas de Mayembe
Na opinião do historiador e crítico de arte, Simão Souindoula, a grande característica que se pode reter das obras escultóricas apresentadas no projecto Coopearte, particularmente as produzidas por Mayembe, é que influenciam, sem dúvida, a técnica escultural no país.
O conjunto dos selados propostos por Mayembe “constitui autêntica obra-prima saída de uma técnica audaciosa e de uma liberdade de talha inédita na escultura angolana contemporânea”, disse Simão Souindoula, em delacrações ao Jornal de Angola.
O crítico, que considerou Mayembe como “mestre”, referiu que o escultor define nas suas obras a sua singular montagem em espiral, a potência do “masculus”, nas suas acções vigorosas e um olhar decisivamente firme.
Mayembe, acrescentou, fixa nas suas esculturas, seja em madeira, argila ou mármore, a reafirmação do nível sublime do homo, no aperfeiçoamento da sua elegância mais concluída, a da femina, na sua afectividade mais íntima, a do casal, e na sua protecção mais segura, a da maternidade.
“O penteado, elemento essencial de beleza, é feito com delicadeza e galanteria”, disse.
Francisco Pedro
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: Jornal de Angola