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    Processo contra advogado dos “revús” é um “exagero” e “devia ser esquecido”

    Julgamento de Walter Tondela, um dos advogados do processo dos 17, foi adiado “sine die” por ausência do réu. Declarantes no tribunal classificaram o caso de “exagero”.

    O julgamento do advogado dos “revús” Walter Tondela foi adiado por ausência do réu e enquanto se esperava pelo início da sessão, Mbanza Hanza, um dos declarantes, foi detido durante mais de 30 minutos.

    O ativista foi posto numa cela após uma troca inesperada de palavras com a juíza da causa. Mbanza Hanza admitiu a atitude de “abuso de autoridade”, mas explicou que queria apenas saber onde ficar enquanto esperava pelo início da audiência.

    “A juíza veio ter comigo e tentou dar-me um sermão, mas eu disse que não queria falar mais com aquela senhora… Esse foi o meu crime”, diz.

    O ativista foi posto em liberdade 30 minutos depois, mas ficou na cela mais de uma hora, embora com a porta aberta por falta de ordem de soltura.

    A propósito do incidente, a juíza atribuiu culpas ao agente da polícia em serviço que não teria cumprido o seu papel de prestar as devidas informações ao declarante.

    Walter Tondela (DW)
    A sessão previa julgar Walter Tondela, um dos advogados de defesa dos 17 ativistas angolanos condenados pelo Tribunal Provincial de Luanda pelos crimes de rebelião, tentativa de golpe de Estado e associação de malfeitores. O advogado é acusado de injúria contra o juiz Januário Domingos. No entanto, o julgamento não arrancou por ausência do réu e do seu representante.

    “Um exagero”, afirma Luaty

    Falando à DW África, Luaty Beirão, um dos declarantes, classificou o processo de “um exagero”.

    “Sinceramente não me lembro de ter ouvido nada de escandaloso, não mais escandaloso do que as palavras que ele proferia, ele o queixoso contra o advogado. Mas ele é livre de o fazer se se sentiu ofendido. Como declarante, e das recordações que tenho, acho sinceramente um exagero”, comentou Luaty Beirão.

    Zola Bambi, outra testemunha no caso, é da opinião de que o caso “deveria ser esquecido” por ter ocorrido num momento que designou como “ventos da amnistia” no polémico caso dos 17 ativistas.

    Zola é advogado de profissão e também fez parte da equipa de defesa. O jurista lembra que há sempre troca de critérios entre advogados, procuradores e juízes em sessões judiciais e não resultam em processo.

    “Achamos que este processo não tem consistência, não tem fundamento e não devia ser levado a cabo”, disse Bambi.

    Nova acusação

    Enquanto os declarantes deixavam as instalações, Luaty Beirão e Mbanza Hanza foram surpreendidos pelos funcionários da 12ª Sessão dos Crimes Comuns do Tribunal Provincial de Luanda. “Aproveitaram e apresentaram-nos mais uma acusação”, diz Hanza.

    Para além dos dois, também constam desta acusação três outros “revús”, entre eles o investigador e professor universitário Nuno Álvaro Dala.

    Os cinco ativistas são acusados do crime de danos, por terem escrito frases de intervenção na farda dos serviços prisionais e podem voltar a ser julgados nos próximos meses. (DW)

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