Sexta-feira, Maio 17, 2024
19.2 C
Lisboa
More

    Portugal, um refúgio de paz para os ricos aposentados britânicos

    A aposentada britânica Sally Kerr, de 64 anos, no terraço de sua casa, em Loule, Portugal, no dia 25 de março de 2015 (Foto de PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP/Arquivos)
    A aposentada britânica Sally Kerr, de 64 anos, no terraço de sua casa, em Loule, Portugal, no dia 25 de março de 2015 (Foto de PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP/Arquivos)

    Monte da Palhagueira, com sua igreja anglicana e seus jardins, é um oásis britânico no sul de Portugal, o Eldorado dos aposentados europeus. As únicas condições para viver ali: ter mais de 55 anos e dispor de uma boa situação financeira.

    “Aqui, tenho uma vida sem estresse, faço ioga e dou longos passeios com meu cachorro”, conta Sally Kerr, de 64 anos. Maravilhada, contempla as verdes montanhas a partir de seu chalé.

    Kerr, que costumava trabalhar como responsável de segurança na central nuclear de Sellafield (noroeste da Inglaterra), chegou a Portugal há dois anos.

    Seu marido, David, um apaixonado pelo golfe, permaneceu em seu país. Viaja para Portugal todos os fins de semana e se juntará a ela quando se aposentar.

    O clima suave teve um papel preponderante em sua decisão de se mudar a Portugal: “Inclusive no inverno posso tomar chá no terraço!”, exclama enquanto rega as plantas. E “o custo de vida é 30% mais barato que no Reino Unido”, acrescenta.

    Com suas ruas sinuosas de paralelepípedos e suas casas erguidas em uma colina entre oliveiras e palmeiras, Monte da Palhagueira é uma réplica das velhas aldeias do Algarve.

    Mas a vida no interior se parece mais com a de um povoado britânico. O inglês é indispensável ali, embora sejam oferecidos cursos de português aos recém-chegados. Tanto as enfermeiras quanto os médicos do lar de aposentados construído dentro do complexo são ingleses, assim como o pároco.

    Canto do paraíso

    O Daily Telegraph e outros jornais britânicos chegam todas as manhãs. Com 78 anos, George Rush é um leitor assíduo, principalmente levando-se em conta que é o redactor-chefe do boletim trimestral local, “The Full Monty”.

    “Não imagino passar o resto da minha vida sentado em uma cadeira, o cérebro tem que permanecer activo. Escrever e aprender um idioma novo é melhor que ficar esperando a morte”, afirma este ex-engenheiro aeronáutico.

    “Esse é nosso pequeno canto do paraíso, nunca nos entediamos aqui, as pessoas se falam na rua. Na Inglaterra, teríamos uma vida muito mais solitária”, acrescenta sua esposa, Paulette, ex-professora de latim nascida na Bélgica.

    O local idílico, no entanto, tem um preço: para poder viver em um dos 33 chalés espalhados pelos 22 hectares de terra, é preciso desembolsar entre 79.000 e 350.000 libras esterlinas (120.000-500.000 dólares, 110.000-475.000 euros).

    Em caso de mudança ou morte, o grupo familiar Amesbury Abbey, proprietário do local, reembolsa a soma aos residentes ou aos seus herdeiros. A empresa importou o conceito do Reino Unido e fica com cerca de 5% do capital.

    “É como na Inglaterra, embora com mais calor. Esse sistema evita que as famílias tenham que revender a casa e pagar impostos ou taxas notariais”, explica o director do grupo, David Cornelius-Reid.

    Benefício fiscal

    E com as vantagens fiscais aprovadas pelo governo português para atrair imigrantes ricos começamos a ter mais demanda, acrescenta.

    Desde 2013, os aposentados europeus do sector privado que se instalam em Portugal estão isentos de pagar impostos durante dez anos da pensão que recebem em seus países de origem.

    Este benefício fiscal seduziu milhares de aposentados de toda a Europa, com os franceses na liderança, que compraram cerca de 4.000 casas em 2014.

    Monte da Palhagueira não acolhe apenas britânicos. Depois de ter vivido em Índia, Itália, França e Estados Unidos, Margrethe Munch Thore, ex-jornalista gastronómica norueguesa de 77 anos, e seu marido Sten, professor de economia sueco de 84, acabam de se mudar a um chalé de 270 metros quadrados.

    “Tenho tudo aqui, não preciso viajar mais”, comenta Sten, enquanto toca algumas músicas em seu piano. “Não poderia sobreviver ao frio glacial da Suécia!”, acrescenta.

    Outro habitante do povoado, Alan Barker, tem, no entanto, uma queixa. “Um café custa três vezes menos em Portugal… mas aqui não há verdadeiros pubs ingleses”, lamenta este aposentado britânico de 66 anos. (afp.com)

    Publicidade

    spot_img

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    TSE suspende julgamento de ações que pedem cassação de Moro por atos na pré-campanha em 2022; caso será retomado na 3ª

    O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu nesta quinta-feira o julgamento das ações que pedem a cassação do senador Sergio...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema